Alexandre Belém/Folha Imagem

Fred Zero Quatro (sentado, de óculos) e os integrantes da banda de Pernambuco Mundo Livre S/A, que toca amanhã em São Paulo

Se alguém tinha dúvidas que o movimento mangue sobreviveria à morte de Chico Science, em 97, o Mundo Livre S/A é a prova viva (e pulsante) de que sim.
Lançando seu quinto disco, "O Outro Mundo de Manuela Rosário", a banda de Fred Zero Quatro completa duas décadas neste ano e faz nova escala em São Paulo amanhã para um show no KVA.
Samba ("O samba não é carioca"), rock, funk, dub jamaicano, ativismo político e uma boa dose de cafajestagem pernambucana ("Seus dias de rei da noite estão contados"). Um show do MLSA é bom de assistir, de dançar e, principalmente, de ouvir: Schwarzenegger, George W. Bush, Joe Strummer, Chomsky, zapatismo & futebol. Panfletarismo pop.
Com uma formação de baixo (Areia), bateria (Xef Tony), percussão (Marcelo Pianinho), guitarra e teclado (Bactéria), voz e cavaquinho (Zero Quatro), o Mundo Livre vai marchando -ou "mascando", como dizem- por todos os gêneros da música e da crítica social, com um sorriso de canto, sem pedir licença.
"Quem precisa de Ordem?", pergunta Zero Quatro, em referência à sua não-filiação à Ordem dos Músicos do Brasil. Na contramão da histeria da indústria em perder (mais) dinheiro, distribui suas músicas de graça pela internet, como fez recentemente com "Dogville, Coleiras e Bombeiros", em que satiriza o episódio Luma de Oliveira, e sugere aos fãs que façam os seus próprios videoclipes das composições da banda.
Jussara Figueiredo, por exemplo, fez a sua versão para "Azia Amazônica". E o Mundo Livre dá o aval "acompanhando" ao vivo as imagens do "videoclipe genérico". Criação coletiva.
Para os fãs antigos, o grupo reserva ainda boas canções: "Livre Iniciativa", do primeiro, "Samba Esquema Noise", e a suculenta "Melô das Musas" ("Eu não vou sair daqui / sem ver ela sair/ da água"). Longa vida ao mangue.

Show de "O Outro Mundo de Manuela Rosário"
    
Artista: Mundo Livre S/A
Quando: amanhã, às 22h
Onde: KVA - Centro Cultural Elenko (r. Cardeal Arcoverde, 2.958/2.978, Pinheiros, tel. 3816-8000)
Quanto: de R$ 8 a R$ 20