São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

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Companhias aliam-se em peça de tom existencial

Grupo XIX e Espanca! estreiam em conjunto "Marcha para Zenturo"

Espetáculo discute passagem do tempo e toma emprestado texto político do escritor Ernesto Sabato

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Duas jovens companhias até há pouco consideradas revelações -o grupo XIX, de São Paulo, e o mineiro Espanca!- amadurecem agora um trabalho conjunto.
"Marcha para Zenturo", que estreia amanhã no Centro Cultural São Paulo, nasceu de um processo colaborativo desenvolvido entre os dois times há vários meses.
A afinidade de seus trabalhos, assim como os constantes encontros em festivais brasileiros, fez a ideia calcificar. Os dois grupos trabalham com dramaturgia desenvolvida dentro da própria companhia. O ator ganha vultos de coautor, colaborando não só com gestos e voz, mas também com palavras.
Esse tipo de dramaturgia marcou a década com textos "fragmentados" e "polifônicos" -palavras de um entusiasta, o diretor Luiz Fernando Marques, do XIX. Mas criações baseadas no depoimento de atores também podem costurar narrativas lineares, como mostra ele em "Marcha para Zenturo".
A peça parte de um argumento simples: um encontro entre cinco amigos. Um deles está doente. Um outro quer presenteá-lo com algo diferente e contrata uma trupe de três atores para encenar uma peça de Tchékhov, em sessão privada.
Quando a peça acaba, os oito personagens estão atados por uma situação externa. Os atores contratados não podem deixar o ambiente, porque precisam esperar uma manifestação de rua que acontece lá fora acabar.
No cenário, um imenso pano roxo desce do fundo e cobre o chão. Com uma fenda para passagem do elenco, simboliza questões sobre a passagem do tempo.
O tom existencial da situação proposta se abre também a discursos e diálogos políticos, que o grupo toma emprestado da obra "A Resistência", do argentino Ernesto Sabato. No livro, o autor escreve seis cartas dirigidas à humanidade.
A dramaturgia é assinada por Grace Passô (do Espanca!), que venceu um Shell pela peça "Por Elise", em 2005. O grupo também recebeu três prêmios Shell -nas categorias de melhor texto, direção e cenário- pela peça "Amores Surdos".
O grupo XIX tem ainda um APCA por "Hysteria", entre outros prêmios. São, portanto, companhias ainda jovens, mas com currículos de veteranos.

MARCHA PARA ZENTURO

QUANDO (estreia amanhã) sex. e sáb., às 21h; dom., às 20h
ONDE Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 3397-4002)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


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