São Paulo, terça-feira, 13 de março de 2007

Próximo Texto | Índice

Cantoras prestam tributo a Vinicius de Moraes no Sesc

Shows hoje e amanhã em São Paulo reúnem as veteranas Dóris Monteiro e Claudette Soares com Claudia Telles

Paixão pela bossa nova e em especial pelas canções de compositor carioca são base de shows; repertório tem afro-sambas de Baden

Divulgação
Da esq. para a dir.: Claudette Soares, Claudia Telles e Dóris Monteiro


CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Além de serem cariocas, elas têm algo em comum. Mesmo que seus estilos e timbres vocais sejam diferentes, a paixão pela bossa nova e em especial pelas canções de Vinicius de Moraes (1913-1980), as aproximou. Dóris Monteiro, Claudette Soares e Claudia Telles são as estrelas do show "Mulheres de Vinícius", hoje e amanhã, no Sesc Vila Mariana.
"Eu e a Dóris somos as sobreviventes da nossa década", brinca Claudette, contando que, apesar de pertencerem à mesma geração, jamais entraram juntas em um palco antes da estréia desse show, assistida só por convidados, no ano passado. Já com Claudia houve um encontro anterior, no show que gerou seu CD "Claudette Soares ao Vivo", lançado em 2000.
Homenagens a Vinicius de Moraes já se tornaram quase um hábito na carreira de Claudette, que por mais de uma década tem feito shows inspirados na obra do grande poeta da MPB, vários em parceria com Alaíde Costa, outra carioca que, como ela, se radicou em São Paulo, nos anos 60.
"Alguns compositores são eternos. O tempo passa e o Vinicius continua vivo musicalmente", diz Claudette, que não esconde o orgulho por ter sido escolhida por ele para lançar alguns sucessos presentes no repertório desse show. Um deles é "Apelo" (parceria com Baden Powell), samba de letra triste já gravado por vários intérpretes, inclusive Dóris.
Claudette foi a primeira a gravá-lo, em 1966, mas a gravadora demorou a lançar o disco. "Quando o Vinicius me deu essa música, disse que eu ainda precisava sofrer algumas dores de amor para entender o que ele tinha escrito. Veja como o universo é sábio. A gravação da Elizete Cardoso acabou saindo bem antes da minha. Logo ela que já tinha sofrido muitas dores de amor", diverte-se.

Samba-canção
Dóris admite que não chegou a desfrutar da amizade de Vinicius, mas ganhou o privilégio de lançar seu samba-canção "Quando Tu Passas por Mim" (parceria com Antonio Maria), que está no roteiro do show.
"Fiquei feliz por ele me oferecer uma música tão linda. Fui a primeira a gravá-la, em 1955, ainda num disco em 78 rotações, pela Continental", relembra a cantora.
Não foi à toa que o poeta entregou seu samba a Dóris. Intérprete à frente de seu tempo, ela estreou aos 16 anos, em 1951, cantando com uma voz pequena e colocada que nada tinha a ver com os vozeirões e as interpretações dramáticas dos cantores da época. Por isso, amargou a decepção de ver seu disco de estréia malhado pelo influente Sylvio Tullio Cardoso, crítico do jornal "O Globo".
"Ele disse que eu deveria continuar estudando, porque a minha carreira tinha começado e se encerrado ali. Chorei muito, mas a música ficou meses na parada de sucessos", conta ela.
"Quatro anos depois, em 1955, ele me deu uma medalha de ouro de melhor cantora do ano. Deve ter refletido que errou na crítica."
Filha da cantora Sylvinha Telles (1934-1966), intérprete essencial na consolidação da bossa nova, Claudia Telles começou cantando baladas tingidas de soul, nos anos 70, mas se rendeu ao samba e à bossa nova, na década de 90.
Neste show, vai cantar "Onde Anda Você", de Vinicius, e um medley de afro-sambas do poeta com Baden Powell, que inclui "Berimbau" e "Consolação". Ao final, ela, Dóris e Claudette cantam juntas "Chega de Saudade", o clássico de Tom Jobim e Vinicius.

DÓRIS MONTEIRO, CLAUDETTE SOARES E CLAUDIA TELLES
Quando:
hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, tel. 5080-3000)
Quanto: de R$ 7,50 a R$ 20


Próximo Texto: Raio-X
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.