Sede da Cia. da Revista, Miniteatro é aberto hoje; peças adulta e infantil inauguram espaço

Donos, que pretendem custear manutenção com aluguel para jantares, não temem disputa de público com salas vizinhas

Danilo Verpa

Hall do Miniteatro, na praça Roosevelt, que eventualmente poderá ser usado como espaço cênico

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 2000, a companhia de teatro Os Satyros instalou-se na praça Roosevelt, no centro da cidade. Com uma dramaturgia atenta às figuras marginalizadas que vagavam por ali, o grupo ajudou a recuperar a auto-estima de um endereço à época sinônimo de prostituição e consumo de drogas. Seis anos depois, os Parlapatões somaram bom humor à ocupação artística do local.
Hoje, abre as portas a sétima sala de espetáculos da Roosevelt: o Miniteatro, moradia da Cia. da Revista, liderada pela dramaturga Marilia Toledo, 31, e pelo diretor Kleber Montanheiro, 38. Em 150 m2 distribuídos por dois pavimentos estreitos, o grupo pretende esparramar seu "teatro essencial, íntimo" -o que não pressupõe sussurros e delicadeza. "Tampouco significa que só haverá monólogos ou peças minimalistas. O essencial que buscamos é o trabalho de ator, direção e texto", diz Toledo.
A reforma do espaço, onde ficava um bar, custou R$ 12 mil. A manutenção será custeada com aluguel para eventos fechados. O bar, uma das principais fontes de receita das salas da Roosevelt, aqui só funcionará em horário de espetáculo.
A programação de abertura inclui a reestreia, nesta sexta, da peça adulta "Bem Aventurados os Anjos que Dormem", sobre as artimanhas de um grupo para ressuscitar um cientista que logrou dar vida ao próprio reflexo. No domingo, será a vez da infanto-juvenil inédita "A Odisseia de Arlecchino", brincadeira com os arquétipos da commedia dell'arte.
Resta saber se há demanda por tantas salas num perímetro restrito como o da praça. "Não há risco de canibalização. Acho que essa oferta cria uma rotatividade de programação que convida as pessoas a voltarem", diz Toledo. Para Montanheiro, não há competição por plateias porque, "apesar de se usarem da mesma linguagem, os grupos têm pontos de vista artísticos particulares, o que faz com que o público seja diferente".