Norte-americano se apresenta hoje e amanhã, no Memorial da América Latina

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem ouviu o vibrafonista Stefon Harris, 34, em sua estréia no país, no Chivas Jazz de 2000, vai notar sua evolução.
De revelação do jazz dos anos 90, o talentoso instrumentista norte-americano já se estabeleceu como um compositor ambicioso, cujas peças extrapolam as fronteiras do que se convenciona chamar de jazz.
Isso é evidente nos concertos que ele faz como convidado da orquestra Jazz Sinfônica, hoje e amanhã, no Memorial da América Latina, com regência dos maestros João Maurício Galindo e Cyro Pereira. As sete peças de Harris incluídas no programa traçam uma síntese da trajetória de um compositor que criou um universo próprio entre a música erudita, o jazz e a música africana.
"African Tarantella" é a composição que dá título a seu último álbum, lançado em 2006 pelo selo Blue Note. Trata-se de um inventivo tributo ao genial band-leader e compositor Duke Ellington (1899-1974), cujas peças orquestrais "New Orleans Suite" e "Queen's Suite" são recriadas pelo vibrafonista.
"Memoirs of Frozen Summer", também no CD, é uma peça quase impressionista de Harris que pertence à sua suíte "The Gardner Meditations".
"Rebirth", outra etérea composição de Harris, foi lançada por ele no conceitual "The Grand Unification Theory" (2003), inspirado em teoria da física quântica. Já as mais jazzísticas "A Cloud of Red Dust" e "Black Action Figure" intitularam os primeiros álbuns do vibrafonista, lançados em 1998 e 1999, respectivamente.
Assim como Duke Ellington encarava a orquestra como seu principal instrumento, Harris valoriza seu quarteto formado por Marc Cary (piano), Earl Travis (baixo) e Terreon Gully (bateria), que também estará nos concertos de hoje e amanhã. Afinal, sua faceta de compositor convive com a do instrumentista brilhante, que vem se esforçando para expandir com criatividade os limites técnicos e sonoros do vibrafone.