|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
O texto abaixo contém dois Erramos, clique aqui e aqui para conferir as correções na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.
CRÍTICA SHOW
Evento aposta em raízes africanas e acerta
Sharon Jones resgata funk em noite que teve conjunto gospel Zion Harmonizers e samba da Orkestra Rumpilezz
ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA FOLHA
As referências musicais espalhadas no mundo pela
diáspora africana formaram
um emocionante panorama
na segunda noite do BMW
Jazz Festival, no sábado.
O tema "roots" (raízes)
apareceu em formato gospel,
com o Zion Harmonizers, no
samba-afro de Letieres Leite
& Orkestra Rumpilezz e no
soul/funk de Sharon Jones &
The Dap-Kings.
Em uma sequência de
shows de alto nível, todos estavam impacientes para ver a
estrela da festa: Sharon Jones, que subiu ao palco depois da meia-noite para um
show de quase duas horas.
James Brown é a principal
referência de Jones. Ambos
nasceram no Estado da Georgia, de onde herdaram um
modo de cantar e dançar.
Apoiada pela precisa tradução de funk e soul da banda The Dap-Kings, Sharon Jones fez o diabo: rebolou como uma adolescente (ela tem
55 anos), realizou proezas
com sua voz, convidou garotas para dançarem ao seu lado e seduziu marmanjos.
Suas músicas não têm nada de novo. São pura referência ao soul e ao funk dos anos
60. Composições emblemáticas como "I Learned the Hard
Way", que batiza seu disco
mais recente, perdem impacto ao vivo. Mas seu carisma e
a energia com que Jones
atualiza os ritmos clássicos a
tornam uma das maiores e
melhores novidades desta
década.
Missa
Os primeiros acordes no
palco do Auditório Ibirapuera foram do conjunto gospel
Zion Harmonizers, formado
em 1939, em Nova Orleans.
E que acordes estranhos:
num canto do tablado, uma
loira, vestindo uma saia florida, meio hippie -que destoando dos senhores negros,
de terno marrom-, encarnou um Kenny G. da harpa.
Foram três composições
tocadas no instrumento, até
que o líder do grupo, Brazella
Briscoe, ocupou os vocais,
seguido por um coro que, durante uma hora, entoou louvações a Deus.
O público foi arrebatado
pelos cânticos, embalados
por uma guitarra que denunciou de onde vieram os primeiros timbres do rock.
Briscoe, por sua vez, demonstrou porquê são tão carismáticos os "pastores" da
música negra americana,
descendo do palco e cumprimentando as pessoas, uma a
uma, enquanto cantava.
Eles foram a agradável
surpresa da programação
que teve ainda o maestro Letieres Leite regendo 20 músicos da Orkestra Rumpilezz.
Vestidos de branco, evocando agora a tradição religiosa da Bahia, os 15 instrumentistas de sopro e cinco
percussionistas interpretaram uma mescla de sambas e
toques de candomblé, em
canções sobre os orixás.
A maneira como a Orkestra atualiza a sonoridade
baiana, apoiada em batuques de samba duro, kabila
ou samba afro do Ilê Ayê, impressionou o público.
BMW JAZZ FESTIVAL
ZION HARMONIZERS bom
ORKESTRA RUMPILEZZ ótimo
SHARON JONES & THE DAP-KINGS
ótimo
Texto Anterior: Procura-se Próximo Texto: Crítica/Show: Joshua Redman Trio rouba a cena diante de anticlímax de Wayne Shorter Índice | Comunicar Erros
|