São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2011

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CRÍTICA SHOW

Evento aposta em raízes africanas e acerta

Sharon Jones resgata funk em noite que teve conjunto gospel Zion Harmonizers e samba da Orkestra Rumpilezz

ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA FOLHA

As referências musicais espalhadas no mundo pela diáspora africana formaram um emocionante panorama na segunda noite do BMW Jazz Festival, no sábado.
O tema "roots" (raízes) apareceu em formato gospel, com o Zion Harmonizers, no samba-afro de Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz e no soul/funk de Sharon Jones & The Dap-Kings.
Em uma sequência de shows de alto nível, todos estavam impacientes para ver a estrela da festa: Sharon Jones, que subiu ao palco depois da meia-noite para um show de quase duas horas.
James Brown é a principal referência de Jones. Ambos nasceram no Estado da Georgia, de onde herdaram um modo de cantar e dançar.
Apoiada pela precisa tradução de funk e soul da banda The Dap-Kings, Sharon Jones fez o diabo: rebolou como uma adolescente (ela tem 55 anos), realizou proezas com sua voz, convidou garotas para dançarem ao seu lado e seduziu marmanjos.
Suas músicas não têm nada de novo. São pura referência ao soul e ao funk dos anos 60. Composições emblemáticas como "I Learned the Hard Way", que batiza seu disco mais recente, perdem impacto ao vivo. Mas seu carisma e a energia com que Jones atualiza os ritmos clássicos a tornam uma das maiores e melhores novidades desta década.

Missa
Os primeiros acordes no palco do Auditório Ibirapuera foram do conjunto gospel Zion Harmonizers, formado em 1939, em Nova Orleans.
E que acordes estranhos: num canto do tablado, uma loira, vestindo uma saia florida, meio hippie -que destoando dos senhores negros, de terno marrom-, encarnou um Kenny G. da harpa.
Foram três composições tocadas no instrumento, até que o líder do grupo, Brazella Briscoe, ocupou os vocais, seguido por um coro que, durante uma hora, entoou louvações a Deus.
O público foi arrebatado pelos cânticos, embalados por uma guitarra que denunciou de onde vieram os primeiros timbres do rock.
Briscoe, por sua vez, demonstrou porquê são tão carismáticos os "pastores" da música negra americana, descendo do palco e cumprimentando as pessoas, uma a uma, enquanto cantava.
Eles foram a agradável surpresa da programação que teve ainda o maestro Letieres Leite regendo 20 músicos da Orkestra Rumpilezz.
Vestidos de branco, evocando agora a tradição religiosa da Bahia, os 15 instrumentistas de sopro e cinco percussionistas interpretaram uma mescla de sambas e toques de candomblé, em canções sobre os orixás.
A maneira como a Orkestra atualiza a sonoridade baiana, apoiada em batuques de samba duro, kabila ou samba afro do Ilê Ayê, impressionou o público.


BMW JAZZ FESTIVAL
ZION HARMONIZERS bom
ORKESTRA RUMPILEZZ ótimo
SHARON JONES & THE DAP-KINGS
ótimo



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