Repertório de pianistas em São Paulo tem "Bolero", de Ravel, e espanhóis como Albéniz e Paco de Lucía

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Katia e Marielle Labèque, pianistas que se apresentam hoje

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No final do e-mail em que respondia as perguntas enviadas pela Folha, a pianista francesa Katia Labèque, 59, manda um link do YouTube, com o comentário: "Esse vídeo me faz chorar".
Não se trata de uma apresentação pianística nem mesmo de música erudita. O endereço (www.youtube.com/watch?v=35FPZR24djg) remete a uma derramada interpretação ao vivo de "Atrás da Porta", de Chico Buarque, por Elis Regina.
Nada mais sintomático do gosto eclético de uma musicista que já se apresentou com nomes como John Mc Laughlin, Sting, Herbie Hancock, Chick Corea e Gonzalo Rubalcaba, paralelamente ao aclamado duo pianístico que mantém há décadas com a irmã mais nova, Marielle, 52.
Velhas conhecidas do público paulistano, elas mostram hoje e amanhã, na Sala São Paulo, no encerramento da temporada do Mozarteum Brasileiro, um repertório de tom hispânico que reflete o gosto eclético. Ao lado de compositores eruditos espanhóis como Isaac Albéniz (trechos da suíte "Iberia") e Enrique Granados ("La Maya Y El Ruiseñor"), foi incluída "La Canción de Amor", do violonista flamenco Paco de Lucía, 61.
"Todas as peças se referem à antiga canção popular da Espanha. Era lógico incluir um compositor vindo diretamente dessa tradição e que não fosse clássico", explica a pianista.
Mas a maior surpresa está reservada para o final, quando elas recebem os percussionistas do grupo Piap, da Unesp, para interpretar uma versão diferente do célebre "Bolero", do compositor francês Maurice Ravel (1875-1937).
"O "Bolero" foi escrito com muitas influências bascas e Ravel conhecia e adorava todos os instrumentos de percussão bascos", diz Katia. "Sabine Lovatelli [presidente do Mozarteum] teve a ideia de que tentássemos percussão brasileira e nós adoramos. Vai ser uma estreia aí em São Paulo, porque, até agora, só tínhamos feito a obra com percussão basca."