São Paulo, terça-feira, 14 de março de 2006

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ARTES PLÁSTICAS

Instituto Tomie Ohtake expõe 78 obras que perpassam diferentes fases da obra do gravador paulista


Gravuras de Livio Abramo ganham mostra em São Paulo

Divulgação
Detalhe de "Vila Operária" (1935): questão social como tema


GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

"O trabalho de Livio Abramo é muito falado, mas pouco visto." Assim o crítico e curador Olívio Tavares de Araújo introduz a obra de um dos mais importantes gravuristas brasileiros, ao lado de Oswaldo Goeldi (1895-1961).
A partir de hoje, o trabalho de Abramo (1903-1992) pode ser mais visto e ainda mais falado. O Instituto Tomie Ohtake inaugura mostra com 78 obras que contemplam diferentes fases da carreira do gravurista (também jornalista e militante de esquerda): de sua interpretação para a Guerra Civil Espanhola, na década de 30, à sensualidade da noite carioca e do candomblé.
Resultado de três anos de pesquisa, a mostra coincide com a edição de um livro de Tavares de Araújo ("A Gravura de Livio Abramo", editora do Instituto Tomie Ohtake, lançamento dia 25/4; preço a definir). As gravuras vêm principalmente dos acervos do MAM (Museu de Arte Moderna) e do MAC (Museu de Arte Contemporânea) paulistanos e do IEB (Instituto de Estudos Brasileiros); a maioria tem matriz em madeira, com riqueza de detalhes.
"No início, Livio trabalha com temas tradicionais: o nu, a paisagem, a natureza; aos poucos essa perspectiva se transforma, em direção a obras que beiram a abstração. Era uma resposta pessoal ao que acontecia em seu entorno", diz o curador, que chegou a visitar o artista -nascido em Araraquara (SP)- no Paraguai, onde Livio viveu seus últimos 30 anos.

Sobrevivência
"Não fui para o Paraguai por nenhum motivo nobre", dizia o artista, que mudou-se atraído pelo salário pago pelo Itamaraty que lhe garantia a sobrevivência.
Foi justamente no Paraguai que Livio produziu a série "Las Lluvias" (as chuvas), no início dos anos 70, e que posteriormente emocionaria o artista plástico Nuno Ramos.
"Fui para o Paraguai e lá vi "Chuva" ao lado da viúva de Livio. O trabalho me emocionou muito", diz Ramos, para quem a atuação cultural de Livio no Paraguai é comparável à de Mario de Andrade no Brasil "pela pesquisa e pelo levantamento de acervo".
Entre os destaques da mostra, estão as 27 gravuras feitas por Livio de 1946 a 1948 para ilustrar edição limitada de "Pelo Sertão", livro de Afonso Arinos. As obras pertencem à coleção do bibliófilo José Mindlin e representam o conjunto de emoção mais expressiva dentre o material exposto.
Junto à exposição, será exibido o documentário "Livio Abramo, Sempre", de 1989, com depoimentos do artista sobre seu trabalho e sobre seu relacionamento com o Partido Comunista, do qual foi membro até 1932.

Livio Abramo
Quando:
abertura hoje, às 20h (para convidados); de ter. a dom., das 11h às 20h; até 14/5
Onde: Instituto Tomie Ohtake (av. Faria Lima, 201, tel. 2245- 1900)
Quanto: entrada franca


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