São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 2008

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Sesc Pompéia viaja na contracultura

Evento que começa amanhã em SP e vai até junho percorre ecos do movimento no cinema, literatura, dança e teatro

Série de debates sobre a contracultura, a Tropicália e multiculturalismo terá Ana Maria Bahiana e o poeta Roberto Piva, entre outros

Eduardo Anizelli/Folha Imagem
Funcionários montam cenário de "Vida Louca, Vida Intensa', no último sábado, no Sesc Pompéia


EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

"De tempos em tempos o mundo enlouquece." A frase da jornalista Ana Maria Bahiana, que estará estampada num dos painéis da instalação cenográfica do evento "Vida Louca, Vida Intensa - Uma Viagem pela Contracultura", resume um pouco do espírito da vasta programação dedicada às diversas expressões da contracultura, que o Sesc Pompéia apresenta de amanhã até o dia 22 de junho, em São Paulo.
O evento começou a ser desenvolvido há um ano e meio pelo jornalista e designer Eduardo Beu, curador da programação, com o objetivo de celebrar efemérides recentes, ligadas aos reflexos artísticos e sociopolíticos da contracultura -como a publicação, em 1957, do livro "Pé na Estrada", do escritor beatnik Jack Kerouac (1922-1969), o surgimento do tropicalismo e ainda as manifestações estudantis do maio de 1968.
A programação inicial tinha um mês de duração, mas a direção do Sesc, que financia o projeto, gostou tanto da idéia de celebrar marcos da contracultura que acabou pedindo ao curador que a ampliasse para dois meses e meio.
Além da exposição, que destaca imagens do psicodelismo e do movimento punk, em reproduções de cartazes de cinema, shows de rock, peças de teatro, manifestações e capas de periódicos da imprensa "underground", a "viagem" do Sesc percorrerá 37 filmes, dez mesas (com 25 convidados ligados a diversas áreas da cultura brasileira), performances, shows musicais (incluindo uma atração internacional, a banda suíça The Young Gods), apresentações de teatro e dança e ainda uma videoinstalação interativa sobre moda.
Na literatura, um dos destaques será o sarau "Noites Sujas: Nuvem Cigana", que comemora os 30 anos do grupo carioca Nuvem Cigana, formado pelos escritores Bernardo Vilhena, Chacal, Charles Peixoto e Ronaldo Santos.
O curador destaca também os shows da programação. Beu afirma que não quis trazer bandas que meramente copiassem o som da época, mas que fossem consideradas "underground" por conta de fatores como a distribuição, caso do músico performático Rogério Skylab, ou ainda o gaúcho Júpiter Maçã, que lança no evento seu disco "Uma Tarde na Fruteira". "Eles têm um trabalho muito original, que mistura estética sessentista com influências do tropicalismo e do rock inglês da década de 60", ressalta o curador.

Contracultura hoje
Segundo Beu, o evento faz não somente um resgate histórico das manifestações contraculturais do século 20, mas tentará também reconhecer, especialmente nos debates, que ecos chegaram ao século 21.
"Não vejo hoje um ícone, profissão ou meio que seja herdeiro direto. Mas acho que um dos suportes que cultivam as idéias de expressão contracultural é a internet. Nos blogs e nos zines [revistas] eletrônicos, há uma certa herança do que era veiculado na música, poesia, literatura e cinema, entre os anos 50 e 70", diz Beu.


VIDA LOUCA, VIDA INTENSA - UMA VIAGEM PELA CONTRACULTURA
Quando:
abertura amanhã (convidados), 16/4 a 22/6 (público em geral)
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 3871-7700)
Mais informações e programação completa: www.sescsp.org.br


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