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Filme registra mercado de compra de votos
"Os Representantes" aborda relação político-eleitor
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Nascido da pretensão de descrever, a partir dos confins do
Amazonas, a relação político-eleitor no Brasil, "Os Representantes" começa com citação
grandiloquente: "A Terra provê
o bastante para satisfazer a necessidade de todos os homens,
mas não a ganância" (Ghandi).
Só que, a exemplo de boa parte da classe política, o filme de
Felipe Lacerda não cumpre sua
promessa. Gravado em 2005 -
já depois da explosão do escândalo do mensalão-, o longa retrata o uso político da distribuição de kits às vítimas de violenta estiagem no Amazonas.
Tem como mérito registrar a
naturalidade com que se opera
o mercado de votos no país. O
vereador Quinho e companheiros da Câmara de Careiro admitem o inconfessável: transporte e alimentação de eleitores em dia de votação, oferta de
cestas e até terreno.
O documentário não oferece,
porém, cenas desses delitos.
Dirigido pelo editor de "Central
do Brasil", "Os Representantes" pode até impressionar no
exterior. Mas, exibido em pleno
panetonegate, não chega a ser
novidade no Brasil. Infelizmente. Avançaria se preenchesse algumas lacunas, como
flagrar Quinho em dia de eleição ou informar de onde saíram
os R$ 100 que entrega a uma família em nome do "chefe".
O filme deixa perguntas no
ar. Três vezes, o governador
Eduardo Braga parece se comprometer com o pagamento a
eleitores. "Não aguento todo
esse tiro. Mas a gente dá uma
ajuda", diz ele, destacando Bira
para a tarefa. O filme não mostra se o dinheiro foi pago, de onde teria saído, nem quem é Bira.
Sem as respostas, fica a dúvida: será mesmo tudo verdade?
OS REPRESENTANTES
Direção: Felipe Lacerda
Quando: amanhã, 17h e 21h, no Unibanco Arteplex do Rio
Classificação: 14 anos
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