São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 2002

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CINEMA

Evento no CCBB exibe 32 títulos recentes e independentes com visões sobre grandes cidades em destaque na Bienal

Mostra desvenda alma das metrópoles

Divulgação
Cena de 'Berlim Babilônia'


LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REDAÇÃO

A segregação e a atmosfera sufocante das grandes metrópoles geraram milhões de rolos de película por ano. A partir dessa idéia começou a criação da mostra "Cine Metropolitano", que o Centro Cultural Banco do Brasil exibe até o dia 2 de junho (veja quadro nesta página), uma parceria do Instituto Goethe com a 25ª Bienal de São Paulo.
"Quisemos lançar um olhar diferente sobre a cidade, desvendando o recinto da alma de cada metrópole. É uma interpretação de 11 cidades mais uma utópica sob o ponto de vista da pulsante vida moderna", conta Bruno Fischli, curador do evento e diretor do Goethe.
"É bem lógico montar uma mostra de filmes para falar da cidade. No sentido visual, a arte e o cinema são grandes aliados. A cidade sempre serviu ao cinema, não só como locação, como também de inspiração", afirma. "O cinema é um divertimento urbano que faz com que as pessoas se defrontem com suas histórias, sonhos, fantasias e medos."
Para o curador, a mostra não depende da Bienal nem vice-versa. "São eventos paralelos. Mas espero que o público entenda esse link entre as duas coisas e busque as duas visões."
"O cinema conta outras histórias, vê o mundo com outro olhar, tem uma narrativa. E isso são coisas que as artes plásticas não conseguem ter", completa.
A proposta não foi apenas reproduzir nas telas o tema da Bienal, "Iconografias Metropolitanas". Aliando documentários e títulos ficcionais, a mostra distribui 32 filmes por três semanas, contando preferencialmente com produções recentes ainda não exibidas em circuito comercial. "Fizemos boas descobertas para representar cada metrópole. Menos do módulo da 12ª cidade, para o qual resolvi escolher somente clássicos, os melhores filmes de todos os tempos."
Ele escolhe "Alphaville", do francês Jean-Luc Godard, como o principal representante da cidade imaginária. "É um filme que fala sobre outros filmes de uma maneira singular."
Segundo Fischli, a mostra merecia ser maior, "com mais cidades participando". "Mas, nesse caso, perderia o contato com a Bienal, que era exatamente o que não queríamos."

As cidades
Berlim é a cidade de abertura do festival, com dois documentários -"Berlim Babilônia", de Hubertus Siegert, e "80000 Disparos", de Manfred Walther- e um longa de ficção, "Berlim Fica na Alemanha", de Hannes Stöhr.
Tóquio se desvela pelas lentes experientes dos diretores Yasujiro Ozu, com "Era uma Vez em Tóquio", e Wim Wenders, com "Tokyo-Ga".
Pequim transparece em "Bicicletas de Pequim", de Wang Xiaoshuai, "Eu Amo Pequim", de Ning Ying -ambos com passagem pela Mostra de Cinema de São Paulo do ano passado-, e o documentário "Comitê de Bairro", de Tongdao Zhang.
A Moscou pós-socialismo está presente com "24 Horas", de Alexander Atanesian, e "Moscou", de Alexander Zeldovich.
O terceiro-mundismo de Istambul e Johannesburgo se cruza com o desenvolvimento de Nova York e Sydney. Completando a mostra, participam São Paulo, Londres e Caracas (leia textos nesta pág.).
Como uma espécie de bônus de encerramento, no último final de semana do evento, o futurismo de Ridley Scott em "Blade Runner -°O Caçador de Andróides" se mistura às visões de Stanley Kubrick ("Laranja Mecânica") e Jean-Luc Godard ("Alphaville").


CINE METROPOLITANO - mostra de cinema com 32 filmes de 11 metrópoles e uma cidade imaginária. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, centro, tel. 3113-3651, www.cultura-e.com.br). Quando: de hoje a 2 de junho (ter. a dom., com sessões às 14h, 16h e 18h). Quanto: R$ 8 (cinepasse) e R$ 4 (meia).



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