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ARTES
Instalação retrata efeitos do tempo e finitude da vida
Artista mostra obra perecível na Capela do Morumbi
FRANCESCA ANGIOLILLO
da Redação
Se você for hoje, verá uma coisa.
Se for amanhã, o que estará lá já
será ligeiramente diferente. Explicitar as mudanças -muitas vezes
sutis, mas sempre inexoráveis-
que o tempo imprime é uma das
marcas da instalação que Raquel
Kogan mostra, a partir desta tarde, na Capela do Morumbi.
É uma espécie de "muro", de
2,50 m x 1,60 m, feito com 650 quilos de parafina, que levou dez horas para ser derretida e quatro
dias para esfriar. Pavios colocados
ao longo da extensão dessa "parede" a iluminam por trás. À frente,
grafias/desenhos recobrem a superfície translúcida. Com o consumo da parafina, a obra se modifica. Lenta e irrecuperavelmente.
"O que eu gosto na parafina é
que ela simplesmente acaba. Vira
gás, não sobra nada", diz Kogan.
Se ficasse exposta por um ano
ou mais, tempo que a artista não
sabe precisar, seu muro de luz se
consumiria. Como ficará por 15
dias, o visitante não o verá desaparecer, mas o fato de que ela é
perecível é conceitualmente fundamental para Kogan.
Ela explica que sua intenção era
expressar contradições. Como a
do próprio recinto da exposição:
concebido para ser um local de
culto, não foi usado como tal.
Após um verdadeiro "tour de
force" para realizar a montagem,
a instalação -que se completa
com uma trilha sonora eletrônica
composta por Hilton Raw- se
mostra, ao mesmo tempo, sólida
e diáfana, um palimpsesto (manuscrito sob cujo texto se descobrem escritas anteriores) que narra a transitoriedade da vida.
Mostra: Instalação de Raquel Kogan
Quando: hoje, das 12h às 17h; ter. a
dom, das 9h às 17h, até 29/8
Onde: Capela do Morumbi (av.
Morumbi, 5.387, tel. 3106-2218)
Quanto: entrada franca
Patrocinador: Petrobras
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