São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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Banda Vexame homenageia a música cafona

Divulgação
Integrantes da banda de cancioneiro cafona Vexame, que volta aos palcos paulistanos hoje


Após ausência de cinco anos, grupo de humor liderado por Marisa Orth faz apresentações com cenário de churrasco

Repertório dos shows no Sesc Pompéia vai de "clássicos" de Odair José e Reginaldo Rossi a "Baba Baby", de Kelly Key


CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

No início dos anos 90, quando fizeram os primeiros shows com releituras de sucessos de ícones da música popular brega, como Fernando Mendes ou Jane & Herondy, eles não imaginavam que um dia veriam seu ídolo Odair José estrelar um comercial de cartão de crédito na televisão. "A música brasileira se democratizou. Só porque Odair José não era engajado, nem cursou faculdade, diziam que ele não fazia música de qualidade. Quero que ele fique bem rico", festeja a atriz Marisa Orth, que volta a encarnar a cantora e apresentadora Maralu Menezes nos shows que a banda Vexame faz de hoje a domingo, no Sesc Pompéia. Depois de cinco anos longe dos palcos, a banda paulista retorna com grande parte da formação original. Inspirados em intérpretes do universo cafona, outros cantores se destacam: Malcon Ewerson (Carlos Pazzeto), Cido Campos (Marcelo Papini) e João Alberto (Fernando Salém). "Se hoje você vê um cara dentro de uma BMW, ouvindo Daniel, não fica mais espantado. O fato de a música de massa ser consumida pela classe média e alta virou algo normal", aponta Salém, também guitarrista e diretor musical, observando que a Vexame captou de modo intuitivo essa tendência. Marisa lembra que essa nova atitude em relação à música de massa foi preconizada pelo tropicalismo, no final dos anos 60. "Hoje, o forró e o sertanejo viraram música chique. Perdemos o preconceito", constata a cantora, observando que a música popular trocou os quartinhos das empregadas domésticas pelas salas de visita. Como já afirmava na época dos primeiros shows, Fernando Salém garante que a banda faz uma homenagem sincera a Odair José, Wando, Reginaldo Rossi e outros autores e intérpretes da música rasgadamente romântica. "Não tínhamos medo de cantar músicas que falam ao coração", diz o guitarrista, admitindo, porém, que fazem um show de humor. "Há uma diferença entre humor e paródia. Não rimos dessas músicas, mas de nós mesmos." Motivos para risos não devem faltar no novo show, que, segundo Marisa, conta com muita improvisação. Desta vez, Maralu Menezes comanda um programa veiculado no pior horário da TV Senado. Em vez de glamourosos cenários, um churrasco ambienta os números musicais, daí o título "Vexame na Brasa". "Todos nós estamos mais velhos e decadentes", diz Salém, referindo-se ao atual programa "Rei Majestade" (SBT), que resgata antigos ídolos da TV, sob o comando de Silvio Santos. "A Vexame tem um pouco desse ar de artista decadente. É como o cara da banda Polegar, que foi cantor mirim, envelheceu e hoje faz baile. O humor do show está muito nisso." Além dos hits de temporadas anteriores, como "Cadeira de Rodas" (Fernando Mendes) e "Siga Seu Rumo" (Pimpinela), a banda promete novidades. "Vou cantar "Baba Baby", da Kelly Key. E estamos preparando um bis com "É Isso Aí", aquela música breguérrima da Ana Carolina", revela Salém.
CARLOS CALADO é jornalista e crítico musical, autor do livro "A Divina Comédia dos Mutantes", entre outros
VEXAME NA BRASA
Quando: de hoje a sábado, às 21h; e domingo, às 18h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Pompéia, tel. 3871-7700)
Quanto: de R$ 8 a R$ 20


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