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HISTÓRIA
Projeto "museu de bairro" é o segundo na cidade e vai ter sequência na Pompéia e na Freguesia do Ó
Pinheiros tira história das gavetas
JULIANA MONACHESI
free-lance para a Folha
Um museu que preserve a história de um lugar pode ser montado
com material vindo de duas fontes: acervos públicos ou gavetas
particulares. O Museu de Bairro
de Pinheiros, inaugurado ontem
na av. Pedroso de Moraes, foi buscar nos registros de seus moradores a história do bairro.
A Secretaria de Estado da Cultura iniciou o projeto de museus de
bairro neste ano, mas ele existe
desde o final da década de 70.
Quando surgiu, seu principal objetivo era divulgar o patrimônio
histórico e, por consequência,
preservá-lo. Hoje em dia, já desenvolvida uma consciência pela
preservação de patrimônio, o objetivo do projeto tornou-se preservar o patrimônio humano.
Com esse espírito é que a equipe
de historiadores e museólogos
responsável pelo projeto bateu à
porta de moradores do Cambuci,
para coletar fotos e relatos. A exposição "Os Caminhos do Retorno", que aconteceu no outeiro da
Glória em maio, contava a história do bairro da perspectiva dos
imigrantes.
Em agosto, resultado de um
processo semelhante no bairro de
Pinheiros, está sendo entregue à
população um novo museu. Ele
foi instalado na rua, em frente à
escola Fernão Dias Paes, com o
propósito de socializá-lo.
Assim, a população sente-se duplamente próxima do museu.
"Como ele conta a história da comunidade, faz as pessoas sentirem-se donas da história", afirma
o museólogo Júlio Abe Wakahara, envolvido com o projeto desde
os anos 70.
Segundo a historiadora Carla
Vidal, que realizou as pesquisas
para essa edição do projeto, Pinheiros é o bairro mais antigo da
cidade. Como a aldeia estabeleceu-se às margens do rio Jurubatuba (atual rio Pinheiros), tornou-se caminho de passagem.
"Muitas bandeiras saíram dali,
como a de Fernão Dias", conta
ela. O caçador de esmeraldas dá
nome ao colégio em frente ao qual
está o museu porque teria sido lá a
sede da fazenda de Fernão Dias
Paes", afirma.
O museu conta a história do
bairro da fundação até a década
de 50, quando se consolidava como bairro comercial. "Os tropeiros -sitiantes que moravam em
Ibiúna, Cotia- vinham a pé, em
tropas de mulas, vender milho,
feijão, batata em São Paulo."
Assim surgiu o núcleo comercial, concentrado no Mercado dos
Caipiras (atual largo da Batata).
Carla conta que a equipe entrevistou em Ibiúna um senhor de 95
anos, chamado "Vô Dico", que foi
tropeiro naquela época.
Evento: Museu de Bairro de Pinheiros
Onde: Escola Fernão Dias Paes (av.
Pedroso de Morais, 420, s/tel.)
Quando: diariamente; até 14/9
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