São Paulo, Domingo, 15 de Agosto de 1999
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HISTÓRIA
Projeto "museu de bairro" é o segundo na cidade e vai ter sequência na Pompéia e na Freguesia do Ó
Pinheiros tira história das gavetas

JULIANA MONACHESI
free-lance para a Folha

Um museu que preserve a história de um lugar pode ser montado com material vindo de duas fontes: acervos públicos ou gavetas particulares. O Museu de Bairro de Pinheiros, inaugurado ontem na av. Pedroso de Moraes, foi buscar nos registros de seus moradores a história do bairro.
A Secretaria de Estado da Cultura iniciou o projeto de museus de bairro neste ano, mas ele existe desde o final da década de 70. Quando surgiu, seu principal objetivo era divulgar o patrimônio histórico e, por consequência, preservá-lo. Hoje em dia, já desenvolvida uma consciência pela preservação de patrimônio, o objetivo do projeto tornou-se preservar o patrimônio humano.
Com esse espírito é que a equipe de historiadores e museólogos responsável pelo projeto bateu à porta de moradores do Cambuci, para coletar fotos e relatos. A exposição "Os Caminhos do Retorno", que aconteceu no outeiro da Glória em maio, contava a história do bairro da perspectiva dos imigrantes.
Em agosto, resultado de um processo semelhante no bairro de Pinheiros, está sendo entregue à população um novo museu. Ele foi instalado na rua, em frente à escola Fernão Dias Paes, com o propósito de socializá-lo.
Assim, a população sente-se duplamente próxima do museu. "Como ele conta a história da comunidade, faz as pessoas sentirem-se donas da história", afirma o museólogo Júlio Abe Wakahara, envolvido com o projeto desde os anos 70.
Segundo a historiadora Carla Vidal, que realizou as pesquisas para essa edição do projeto, Pinheiros é o bairro mais antigo da cidade. Como a aldeia estabeleceu-se às margens do rio Jurubatuba (atual rio Pinheiros), tornou-se caminho de passagem.
"Muitas bandeiras saíram dali, como a de Fernão Dias", conta ela. O caçador de esmeraldas dá nome ao colégio em frente ao qual está o museu porque teria sido lá a sede da fazenda de Fernão Dias Paes", afirma.
O museu conta a história do bairro da fundação até a década de 50, quando se consolidava como bairro comercial. "Os tropeiros -sitiantes que moravam em Ibiúna, Cotia- vinham a pé, em tropas de mulas, vender milho, feijão, batata em São Paulo."
Assim surgiu o núcleo comercial, concentrado no Mercado dos Caipiras (atual largo da Batata). Carla conta que a equipe entrevistou em Ibiúna um senhor de 95 anos, chamado "Vô Dico", que foi tropeiro naquela época.


Evento: Museu de Bairro de Pinheiros Onde: Escola Fernão Dias Paes (av. Pedroso de Morais, 420, s/tel.) Quando: diariamente; até 14/9

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