Exposição vai das origens até produção atual, com cores fortes e formas lúdicas

Nelson Kon/Divulgação

Residência Ateliê Tomie Ohtake, uma das obras do arquiteto

GUSTAVO FIORATTI
DA REVISTA DA FOLHA

Quarenta e oito anos depois de formado, o arquiteto Ruy Ohtake volta à faculdade. Só que agora como figura central da exposição "Ruy Ohtake: Presente!", que abre hoje, às 19h, no saguão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
É a mesma escola que formou o arquiteto nos anos 60.
Berço de outros herdeiros da chamada "escola paulista de arquitetura", ou "brutalismo paulista", que defendia um desenho voltado para necessidades sociais e um rigor formal derivado da própria estrutura. Painéis com plantas, fachadas e fotos mostram como Ohtake respeitou e "desrespeitou" os princípios de suas origens.
As residências projetadas nos anos 60 dão forma ao pensamento acadêmico que tinha como pilar a obra de Vilanova Artigas (1915-1985), autor do prédio da FAU-USP. Nos anos 70 e 80, a influência de Niemeyer vai se tornando mais evidente, em projetos como o da Embaixada Brasileira em Tóquio. E dos anos 90 em diante Ohtake conquista projeção internacional, com seus trabalhos mais polêmicos, o hotel Unique e o Instituto Tomie Ohtake, entre eles.
São desenhos que já foram adjetivados pela crítica como "ostensivos", por conta das cores fortes e formas lúdicas. O próprio Ohtake já se defendeu, em entrevista ao site Arcoweb: "Se eu me preocupar com a crítica, vou ficar fazendo arquitetura de 30 anos atrás". É bom ficar de olho, de qualquer forma: dentro da própria FAU, há quem não veja Ohtake com bons olhos, principalmente entre os alunos.