Produtor alemão une-se ao vocalista do Roxy Music para fazer uma das faixas mais elogiadas da eletrônica

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O alemão DJ Hell, que lançou o disco "Teufelswerk" e se apresenta hoje no D-Edge, em SP

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Poucos roqueiros podem ser chamados de "elegantes" sem soarmos ridículos ou bajulatórios. Bryan Ferry é uma dessas exceções. Tanto com o Roxy Music como em carreira solo, Ferry tornou-se uma figura singular com sua voz imponente e extremo bom gosto com que escolhe o que vestir. Aos 64 anos, esse senhor inglês leva agora sua classe às pistas.
Ferry pode ser ouvido em "U Can Dance", faixa que está no álbum duplo "Teufelswerk" [trabalho do diabo], do alemão DJ Hell, lançado há pouco na Europa. A música, portanto, estará no set que Hell tocará hoje, no clube D-Edge, em São Paulo.
"U Can Dance" traz Ferry cantando sobre uma batida eletrônica grave e simples, mas eficiente, temperada por efeitos e barulhos concisos. A faixa é um dos achados da dance music nos últimos meses, e seus três minutos e pouco de duração foram esticados para nove minutos em dois remixes do norte-americano Carl Craig.
"Basicamente, foi ideia dele", diz Hell (ou Helmut Geier, 47), sobre a música. "Bryan Ferry gostava do que eu estava fazendo, das minhas músicas. Certa vez nos encontramos, e ele me pediu para trabalhar em uma faixa que ele nunca tinha lançado. Foi há dois anos, e eu não sabia que iria entrar no meu disco. Fizemos várias versões que não foram lançadas. Essa que entrou no álbum foi a que mais o deixou feliz."
"Teufelswerk" está dividido em duas partes. Um disco, mais dançante, é dedicado à "noite"; o outro, mais conceitual, ao "dia" -formato já meio desgastado na dance music; não se dança durante o dia?
"U Can Dance" está no disco "night", ao lado de faixas como "The DJ", que traz participação do rapper P. Diddy. "Para o disco "dia", voltei aos anos 70, para bandas como Neu, Can, até Pink Floyd. Foi de onde tirei minhas inspirações."
Esse mergulho nos anos 70 é uma surpresa, já que Hell foi um dos responsáveis pelo revival dos anos 1980 na eletrônica, por meio do selo Gigolo.