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São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 2003

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Movida a tecno, rock, reggae ou samba, a cidade de São Paulo não pára nem mesmo aos domingos

A festa nunca termina

Antonio Gaudério/Folha Imagem
Interior do Susi in Transe, que abre às 7h para o after-hours Maquinaria, de electro e tecno


Casas funcionam em horários alternativos para atender a um público cada vez mais eclético

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Dormiu bem? Então já está na hora de sair de novo: o domingo, vem se tornando um dos melhores dias da semana quando o assunto é balada.
Popularizados junto com a cena clubber da cidade, os chamados after-hours, festas que costumam começar com os primeiros raios de sol e estender-se até além da hora do almoço, têm conquistado cada vez mais adeptos.
E não é por ser manhãzinha que o DJ vai perdoar os ouvidos dos domingueiros. Normalmente, como nos casos da Lov.e, do Susi in Transe e do Juke Joint, o café da manhã é movido a tecno.
"Normalmente viro a noite entregando os flyers da festa e, quando chego para tocar, já tem fila na porta esperando a casa abrir", diz Cleber Nisek, 27 anos, DJ residente do projeto Maquinaria, que acontece aos domingos, das 7h às 14h, no clube GLS Susi in Transe, no Arouche. "O público é bem misturado. Mas a festa tem atendido bem o pessoal da zona leste, que tem poucas opções. Eles acordam cedo e vão."
Também bastante disputado tem sido o projeto Rebordose Eletrônica, promovido aos domingos no Juke Joint, que, segundo o DJ França, 22, tem "bombado" mesmo é no início da tarde. "A gente define as 17h como a hora de acabar, mas ultimamente só estamos conseguindo parar de tocar lá pelas 19h ou 20h. Quem não aguenta mais ficar em casa à tarde, vendo Gugu e Faustão, aparece lá para tomar uma cerveja [o Juke Joint tem uma boa área ao ar livre" e dançar um pouco."
Ainda na praia da música eletrônica, há as matinês. Além da tradicional Grind, da também GLS A Lôca, rola no Susi a The Bass, dedicada ao drum'n'bass e comandada pelo DJ Marnel, que recebe hoje os DJs Link (SP), Fabio Machado (RJ) e o americano Walking Stick, do selo Liquid Sky.
A festa marca o lançamento do CD "Ritmos de Brasil" pelo também gringo Phuturo Records e que tem faixas de Marnel, Drumagik, Telefunken e Nikrob.
Boa pedida para uma tarde às margens da represa Guarapiranga é o projeto mensal Lov.e por São Paulo, parceria da casa noturna da Vila Olímpia com a prefeitura. Na escalação desta edição, que vai das 15h às 19h, tocam Koloral, Tech Jun e Camilo Rocha.
Antes disso, a partir das 13h, no entanto, eles oferecem workshops gratuitos sobre a técnica dos pick-ups. São ao todo cem vagas, que devem ser solicitadas pelo telefone 5669-2765, na Casa de Cultura de Interlagos.
Já o Mood Club, de Pinheiros, resolveu tentar apostar suas fichas no público adolescente. Em caráter experimental, a casa promove hoje sua primeira matinê, para baladeiros de 12 a 17 anos, com discotecagem dos DJs Gil Levy e Dalvo Pascolato.

Chega de eletrônica
Quem não gosta do bate-estaca nem por isso precisa ficar em casa hoje. Os domingos do Santa Aldeia têm lotado com a mistura de axé e pagode dos músicos do Inimigos da HP. Opção não muito barata -os gastos variam entre R$ 20, para mulher, e R$ 40, para homem-, o lugar é frequentado por jovens de classe média e alta em busca de uma boa paquera.
Ainda pouco difundido na cidade, o dub jamaicano (versão desconstruída e sintetizada do reggae) dá a tônica do novo projeto semanal Bumba Beat, no Jive Boite, que costuma atrair um público de universitários e alternativos.
"O dub é um componente histórico do reggae que muita gente não sabe que existe. Nomes como o de Lee Scratch Perry estão entre os pioneiros da música eletrônica", diz Otávio Rodrigues, 41, jornalista e residente do projeto, que acontece aos domingos, a partir das 21h. Além de Rodrigues, o Dr. Reggae, tocam Yellow-P e o holandês Dubskandalizer.
"Não acho que 21h seja tarde. Chamo isso de um horário saudável. Para quem trabalha no dia seguinte, é razoável ficar até a meia-noite, 1h, 2h..."
E a festa nunca termina.



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