São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

Próximo Texto | Índice

Trio suíço vem "domesticado"

Conhecido por shows com som na altura dos cem decibéis, Young Gods terá de fazer show acústico

Em apresentação hoje, Sesc Pompéia não permitiu show tradicional do grupo que influenciou nomes como Chemical Brothers

Jean Marmeisse/Divulgação
O trio suíço Young Gods, que se apresenta hoje em formato acústico no Sesc Pompéia, no festival "Vida Louca, Vida Intensa'

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

O Young Gods é um trio suíço que existe há mais de 20 anos e tornou-se conhecido por fazer uma música agressiva como o punk utilizando equipamentos eletrônicos. Ao vivo, o show da banda é uma experiência poderosa, que é analisada com adjetivos como "brutal" e "visceral". Eles iniciam uma turnê em São Paulo amanhã, mas os paulistanos serão privados da experiência -porque o Young Gods terá de se apresentar em formato acústico.
Liderado pelo vocalista Franz Treichler, o Young Gods é uma das atrações do festival "Vida Louca, Vida Intensa -°Uma Viagem pela Contracultura", que até 22 de junho reúne, no Sesc Pompéia, manifestações artísticas que remetem à contracultura.
O Young Gods não poderá fazer uma apresentação tradicional exatamente porque seu show é "muito alto".
O Sesc Pompéia diz que, na choperia, local onde a banda tocaria, são permitidos shows cuja altura do som não ultrapasse 90 decibéis. À Folha, Franz Treichler diz que as apresentações do Young Gods batem nos cem decibéis. O grupo não aceita tocar mais baixo do que isso; o Sesc Pompéia não cedeu; assim, os shows do trio suíço (amanhã, sexta e sábado) serão acústicos, baseados em violão.
"Soubemos disso há apenas dez dias, foi uma frustração", afirmou Treichler, por telefone. "Para não cancelarmos, decidimos fazer o show acústico.
Não é possível tocar em 90 decibéis. Apenas nossa bateria, sozinha, chega a esse nível."

Problemas
Essa será a segunda passagem do Young Gods pelo Brasil -e a segunda em que a banda não se apresenta com seu formato "completo".
Em 2004, Treichler, Alain Monod (sintetizadores) e Bernard Trontin (bateria) participaram do "Amazonia Ambient Project", ao lado do cientista canadense Jeremy Narby.
E tiveram outras chances para vir ao país -mas alguma coisa sempre dava errado. "Fomos convidados para tocar num evento com Chico Science, mas houve o acidente com ele [em 1997]. Em outra vez, iríamos tocar com Sepultura, mas aconteceu o rompimento com o Max [Cavalera] e o show foi cancelado...", afirma o vocalista. "Infelizmente, nunca pudemos mostrar por aí a força da banda ao vivo."
Mas música acústica não é algo totalmente estranho ao Young Gods. Na semana que vem, a banda lança na Europa "Knock On Wood", um disco... acústico.
Treichler explica: "Há algum tempo, fizeram uma revista especial sobre o Young Gods. Para o lançamento, nos pediram algo especial.
E pensamos que seria legal, após 20 anos tocando instrumentos eletrônicos, fazer algo acústico. Isso aconteceu em Zurique no final de 2006.
Fizemos outros shows acústicos e gostamos do resultado. Daí veio o disco. Voltaremos à eletrônica daqui a alguns meses".
Em 1985, o Young Gods foi uma das bandas pioneiras no uso do sampler. "Aquilo foi uma revolução para mim, poder fazer colagens com música clássica, heavy metal, barulhos urbanos. Tudo poderia ser transformado em música, e não apenas guitarra e bateria."
Pioneirismo que fez a banda ser citada por gente como David Bowie e Chemical Brothers.


THE YOUNG GODS
Quando:
amanhã, sex. e sáb., às 21h
Onde: Sesc Pompéia - choperia (r. Clélia, 93; tel. 3871-7700)
Quanto: R$ 24


Próximo Texto: Por que ir
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.