São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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Exposição recupera clássicos do rock

"Rockers" leva ao MAB-Faap 270 retratos de artistas feitos por Bob Gruen, fotógrafo oficial de Lennon nos anos 70

Com entrada franca, a mostra fica em cartaz até o dia 1º de julho e é dividida em nove seções com cinco trilhas sonoras diferentes


Bob Gruen/Divulgação
Iggy Pop e Debbie Harry durante turnê pelo Canadá, em 1977; a foto está na mostra "Rockers"


LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

O rock'n'roll nunca viu uma exposição como esta. Ao mesmo tempo em que é suspeito para afirmar algo assim, Bob Gruen tem história suficiente para ser levado a sério. E como.
Fotógrafo oficial -e bom amigo- do casal John Lennon e Yoko Ono, nos anos 70, Gruen ainda registrou a turnê americana dos punks ingleses dos Sex Pistols, em 1978, e flagrou quando Bob Dylan tocou rock pela primeira vez, em um festival de folk, em 1965.
Mas esses momentos são poucos perto das 270 fotos que começam a ser exibidas hoje, no MAB-Faap, em SP, na exposição "Rockers", dedicada à obra do americano Gruen. Um catálogo-livro da exposição, com 250 retratos clássicos, também será lançado na ocasião. "É a primeira vez que faço uma exposição em museu. Já exibi em galerias, com no máximo 80 fotos. Mas essa exposição tem 270, nove seções e cinco trilhas sonoras. Nunca vi nada assim para a fotografia nem para o rock", afirma.
Em mais de 30 anos como fotógrafo de rock, Gruen já viveu muitas situações divertidas. Mas também viu morrer muitos amigos em decorrência dos excessos de álcool e de drogas.
"Tenho sorte em sobreviver, porque não apenas vi mas também vivi esse estilo de vida. Desisti de muitas coisas, pois, quando você fica velho, não é a mesma sensação. Muitos momentos podem parecer loucos, mas, para mim, não eram, eu gostava daquele jeito de viver."
Para Gruen, as pessoas hoje estão mais informadas sobre as conseqüências das drogas. Pelo menos, mais do que nos anos 70. "Naquela época, parecia que todo mundo tomava drogas. Em reuniões em gravadoras, acendiam um baseado, ofereciam álcool e até cocaína e depois fechavam negócio. Parecia normal, uma vez que todos faziam a mesma coisa."
Não há quem seja (ou tenha sido) importante no rock que não tenha passado na frente da lente de Gruen: Tina Turner, Rolling Stones, Ramones, Led Zeppelin, Clash, Kiss, Green Day... "Não há muitos artistas que eu gostaria de fotografar e que não fotografei. A maioria dos meus heróis eu conheci.
Mas, como comecei a fotografar nos anos 70, já era muito tarde para fotografar o cantor Otis Redding. Sou um grande fã e sinto não tê-lo fotografado."
Além do casal Lennon/Yoko, foram de Gruen os principais registros do movimento punk, tanto inglês como americano. E ele considera o grupo britânico The Clash a maior banda da história. "Nos anos 60, era o The Who; no início dos anos 70, o New York Dolls; mas, depois que encontrei o Clash, vi que era a banda mais poderosa e com letras mais inteligentes."
E foi com outro grupo do punk inglês, os Sex Pistols, que o fotógrafo viveu algumas das semanas mais agitadas de sua carreira. Mas não por causa da atitude nervosa dos Pistols. "O público deles nos EUA era mais louco do que a banda. Dentro do ônibus, era tudo muito calmo, com todos apenas bebendo e fumando. A música que mais tocava era o reggae "Reason for Living", de Dr. Alimantado, uma faixa muito espiritual.
Mas, quando saíamos do ônibus, os fãs estavam enfurecidos, cuspiam na banda, jogavam objetos, muita gritaria e briga, tudo muito louco", conta.

ROCKERS
Quando:
de hoje a 1º de julho; de ter. a sex., das 10h às 20h; sáb., dom. e feriados, das 10h às 17h
Onde: MAB-Faap (r. Alagoas, 903, Higienópolis; tel. 3662-7200)
Quanto: entrada franca


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