São Paulo, segunda-feira, 16 de julho de 2007 |
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Loja incorpora mostra de arte urbana Madeireira em frente ao Sesc Pinheiros ofereceu seus muros para dois artistas participantes de "A Conquista do Espaço" O italiano BLU criou painel de crítica ao desmatamento, e o espanhol SAM3 pintou, auxiliado por longas hastes, a silhueta de um elefante
GABRIELA LONGMAN DA REPORTAGEM LOCAL "São Paulo cheira como Déli", escreveu o artista italiano BLU no seu blog (http://notblu.wordpress.com). BLU chegou à cidade no dia 4 para participar da coletiva de arte urbana "A Conquista do Espaço", no Sesc Pinheiros (há também uma obra nos muros do Sesc Pompéia), aberta na terça-feira passada, com curadoria de Danilo Oliveira. Numa das paredes externas do Sesc, BLU pintou um mural de 20 m x 6 m onde retratou o Cristo Redentor -um dos sete novos integrantes das Maravilhas do Mundo- afundado em armas. Justificou: "1.305 pessoas foram mortas no Rio nos últimos cinco meses". Nos dias em que passou trabalhando, o artista italiano conviveu diretamente com os habitués da rua: o pipoqueiro que trabalha na Paes Leme, os funcionários da unidade etc. Foi na quarta-feira, com a exposição já aberta, que, durante uma conversa com um dos donos da madeireira em frente ao Sesc, surgiu a idéia de trabalhar num dos muros da loja e assim "estender" a mostra para fora de seus próprios limites. BLU aceitou, mas teria que trabalhar com liberdade total. O espanhol SAM3, outro dos 11 participantes do evento, gostou da idéia e se ofereceu para pintar um segundo muro externo da madeireira. "Vi os rapazes trabalhando e gostei muito. O muro do INSS aqui da rua já tinha sido pintado [pelo polonês M-City, como parte da exposição]. Quando eles vieram para cá e começaram a pintar, não fazia idéia do que iriam fazer. No começo eram só rabiscos, aos poucos a coisa foi tomando forma", contou à Folha Alfredo de Andrade, proprietário da Madeiras Pinheiro com seus dois filhos. O resultado foi um enorme elefante negro, pintado por SAM3 em um dos muros, e uma árvore com traços humanos serrando seus próprios pés, criada por BLU -crítica ferrenha ao desmatamento e ao próprio negócio das madeireiras. Os donos captaram o recado. "Entendemos a crítica e adoramos. A gente sabe da importância de preservar o meio ambiente", disse Eduardo de Andrade, filho de Alfredo e também dono do negócio. Passeios noturnos Para alcançar as partes mais altas dos muros, tanto SAM3 quanto BLU usam rolinhos e pincéis sustentados por longas hastes. Se o espanhol usa só tinta preta (veja em http://sam3-security.blogspot.com/), investindo em sombras e silhuetas, o italiano geralmente usa outra cor com o preto, gerando desenhos detalhados. Durante sua estadia, os artistas saíram de madrugada para deixar suas marcas "não-autorizadas" em outros locais de São Paulo. Na primeira noite na cidade, BLU relata a saída com uma turma de amigos -entre eles a dupla Osgêmeos. "O desenho que fiz com Osgêmeos foi apagado no dia seguinte. Talvez porque estivesse atrás de uma delegacia. Nem tive tempo de tirar uma foto." Por conta dessa faceta "ilegal" de boa parte de sua produção é que os artistas são avessos a fotografias e, de certo modo, fogem da imprensa. Saia na rua para ver melhor. A CONQUISTA DO ESPAÇO - NOVAS FORMAS DE ARTE DE RUA Quando: de ter. a sex., das 13h às 21h30; sáb. e dom., das 10h às 18h30; até 23/9 Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, tel. 3095-9400); a obra do cubano Jorge Rodriguez Gerada fica no Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 3871-7700) Quanto: entrada franca Próximo Texto: Coletiva tem obra feita com poluição Índice |
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