Divulgação

O ator Thiago Martins em cena do filme 'Show de Bola'

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Em "Gol!" (2005) e "Gol 2 - Vivendo o Sonho" (2007), projeto ambicioso com o objetivo de capitalizar o grande interesse por futebol em todo o mundo, um jogador de origem mexicana (Kuno Becker) disputava espaço no Newcastle, da Inglaterra, e depois no poderoso Real Madrid. Co-produção Alemanha-Brasil ambientada no Rio, "Show de Bola" é uma espécie de pré-"Gol!". Seu protagonista, Tiago (Thiago Martins, de "Era uma Vez..."), jovem torcedor do Fluminense, sonha passar por uma peneira e tornar-se jogador profissional do clube. Órfão de pai, com a mãe imobilizada na cama, ele depende do irmão mais velho (Gabriel Mattar), que não quer vê-lo envolvido com o líder do tráfico de drogas na favela onde vivem (Lui Mendes). Mas o traficante é quem pode lhe dar alguma ajuda, inclusive para vestir a camisa do Fluminense. A partir dessas coordenadas, "Show de Bola" se preocupa mais com as circunstâncias sociais do personagem do que com a bola propriamente dita -embora as poucas cenas de gramado sejam mais convincentes do que a média em filmes sobre o tema, quase sempre derrotados pela dificuldade em encenar jogadas que não pareçam artificiais. A perspectiva adotada pelo diretor alemão Alexander Pickl -realizador de vídeos musicais e documentários em sua estréia no longa de ficção- parece querer explicar, sobretudo para o espectador europeu, de onde vêm os jovens para os quais o futebol representa o sonho de tirar a família da pobreza. Ao fazer isso, chove no molhado para o espectador brasileiro, confundindo-se com diversos filmes recentes que reiteram visões idênticas do mesmo universo social. E, ainda que talvez seja impróprio compará-lo a um documentário, quase tudo o que pretende dizer sobre a bola como instrumento de ascensão já estava em "Futebol" (1998), de Arthur Fontes e João Moreira Salles, feito para a TV.

Avaliação: regular

Índice