São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2004

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ERUDITO

Solista será o violinista grego Leonidas Kavakos

Maestro finlandês rege Orquestra Sinfônica da BBC na Sala São Paulo

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Orquestra Sinfônica da BBC apresenta-se hoje e amanhã, na Sala São Paulo, como última atração deste ano da temporada da Sociedade de Cultura Artística.
A orquestra, uma das mais competentes do Reino Unido, estará sob a regência do finlandês Jukka-Pekka Saraste, 48, e trará como solista o violinista grego Leonidas Kavakos.
No programa de hoje, "Es Ist Genug", de Magnus Lindberg, o "Concerto para Violino", de Alban Berg, e a "Sinfonia nš 9", obra monumental de Anton Bruckner.
Amanhã, com um repertório um pouco mais ligeiro, a abertura da ópera "Maskarade", de Carl Nielsen, o "Concerto para Violino", de Jean Sibelius, e a "Sinfonia nš 4", de Tchaikovski.
A seguir, os principais trechos da entrevista com Saraste.
 

Folha - O sr. tem regido peças sinfônicas de escrita recente. Já poderia prever como será a música erudita produzida no século 21?
Jukka-Pekka Saraste -
Creio que estamos no bom caminho. Compositores ainda vivos como Ligeti ou Dutilleux influenciam a cena musical contemporânea. Muitos de uma segunda geração estão produzindo trabalhos sinfônicos. O panorama é hoje mais positivo que o de duas décadas atrás.

Folha - Sabemos muito pouco no Brasil sobre Magnus Lindberg, que o sr. regerá hoje. O que poderia dizer a respeito dele?
Saraste -
Somos amigos há anos e estudamos juntos. Ele se tornou recentemente um dos compositores mais interpretados e com maior número de encomendas, sobretudo de peças para grandes orquestras. Ele encontrou sua própria sonoridade e estilo. Sua música é bastante "energizada".

Folha - O sr. tem regido na Europa, América do Norte e Ásia, onde problemas diferentes de financiamento afetam as orquestras. Tem havido prejuízo artístico?
Saraste -
As orquestras européias felizmente ainda são financiadas pelos governos. Na América do Norte elas dependem muito mais de doações privadas e da vendas de ingressos. Tecnicamente, as orquestras são todas muito boas, e espero que elas não se preocupem excessivamente com questões de financiamento ao pensarem no repertório e na devoção à boa música.

Folha - Nielsen foi um compositor por longo tempo ausente da programação sinfônica no Brasil. As duas principais orquestras de São Paulo o recolocam no repertório. O mesmo ocorre na Europa e nos EUA. Como explicar o redespertar?
Saraste -
A linguagem de Nielsen foi redescoberta pelo público, que passou a compreender melhor a obra de Mahler e Chostakovich. A música dele é única, individual. E suas sinfonias podem ser vistas agora nessa singularidade. O mesmo aconteceu anteriormente com Sibelius e Janacek.

Folha - O sr. tem uma predileção especial em dirigir óperas. Quais seus próximos compromissos?
Saraste -
Tenho programado um "Castelo do Barba Azul", de Bartok, no Teatro Comunale de Florença. Em termos operísticos, creio também que sem uma sensibilidade lírica é impossível fazer corretamente as sinfonias de Mozart. Eu poderia citar também muitos outros compositores.


ORQUESTRA SINFÔNICA DA BBC. Quando: hoje e amanhã, às 21h. Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš, tel. 3815-6377). Quanto: de R$ 130 a R$ 250 (R$ 10 para estudantes com menos de 30 anos com meia hora de antecedência). Patrocinadores: banco Safra, Bovespa, Telefônica e Votorantim.


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