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ERUDITO
Solista será o violinista grego Leonidas Kavakos
Maestro finlandês rege Orquestra Sinfônica da BBC na Sala São Paulo
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Orquestra Sinfônica da BBC
apresenta-se hoje e amanhã, na
Sala São Paulo, como última atração deste ano da temporada da
Sociedade de Cultura Artística.
A orquestra, uma das mais
competentes do Reino Unido, estará sob a regência do finlandês
Jukka-Pekka Saraste, 48, e trará
como solista o violinista grego
Leonidas Kavakos.
No programa de hoje, "Es Ist
Genug", de Magnus Lindberg, o
"Concerto para Violino", de Alban Berg, e a "Sinfonia nš 9", obra
monumental de Anton Bruckner.
Amanhã, com um repertório
um pouco mais ligeiro, a abertura
da ópera "Maskarade", de Carl
Nielsen, o "Concerto para Violino", de Jean Sibelius, e a "Sinfonia
nš 4", de Tchaikovski.
A seguir, os principais trechos
da entrevista com Saraste.
Folha - O sr. tem regido peças sinfônicas de escrita recente. Já poderia prever como será a música erudita produzida no século 21?
Jukka-Pekka Saraste - Creio que
estamos no bom caminho. Compositores ainda vivos como Ligeti
ou Dutilleux influenciam a cena
musical contemporânea. Muitos
de uma segunda geração estão
produzindo trabalhos sinfônicos.
O panorama é hoje mais positivo
que o de duas décadas atrás.
Folha - Sabemos muito pouco no
Brasil sobre Magnus Lindberg, que
o sr. regerá hoje. O que poderia dizer a respeito dele?
Saraste - Somos amigos há anos
e estudamos juntos. Ele se tornou
recentemente um dos compositores mais interpretados e com
maior número de encomendas,
sobretudo de peças para grandes
orquestras. Ele encontrou sua
própria sonoridade e estilo. Sua
música é bastante "energizada".
Folha - O sr. tem regido na Europa, América do Norte e Ásia, onde
problemas diferentes de financiamento afetam as orquestras. Tem
havido prejuízo artístico?
Saraste - As orquestras européias felizmente ainda são financiadas pelos governos. Na América do Norte elas dependem muito
mais de doações privadas e da
vendas de ingressos. Tecnicamente, as orquestras são todas
muito boas, e espero que elas não
se preocupem excessivamente
com questões de financiamento
ao pensarem no repertório e na
devoção à boa música.
Folha - Nielsen foi um compositor
por longo tempo ausente da programação sinfônica no Brasil. As
duas principais orquestras de São
Paulo o recolocam no repertório. O
mesmo ocorre na Europa e nos EUA.
Como explicar o redespertar?
Saraste - A linguagem de Nielsen foi redescoberta pelo público,
que passou a compreender melhor a obra de Mahler e Chostakovich. A música dele é única, individual. E suas sinfonias podem ser
vistas agora nessa singularidade.
O mesmo aconteceu anteriormente com Sibelius e Janacek.
Folha - O sr. tem uma predileção
especial em dirigir óperas. Quais
seus próximos compromissos?
Saraste - Tenho programado
um "Castelo do Barba Azul", de
Bartok, no Teatro Comunale de
Florença. Em termos operísticos,
creio também que sem uma sensibilidade lírica é impossível fazer
corretamente as sinfonias de Mozart. Eu poderia citar também
muitos outros compositores.
ORQUESTRA SINFÔNICA DA BBC.
Quando: hoje e amanhã, às 21h. Onde:
Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš,
tel. 3815-6377). Quanto: de R$ 130 a R$
250 (R$ 10 para estudantes com menos
de 30 anos com meia hora de
antecedência). Patrocinadores: banco
Safra, Bovespa, Telefônica e Votorantim.
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