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Artista expõe visão do caos urbano
Olhar contemporâneo de Cássio Vasconcellos fragmenta cidade em mostra que tem abertura hoje na galeria Vermelho
Obras como "São Paulo" e "Ponte" seccionam imagens da capital na busca de uma linguagem poética para recriar mosaico urbano
Divulgação
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Segmentada em 38 tiras, a obra "São Paulo", de Cássio Vasconcellos, só pode ser vista na íntegra de um único ponto da galeria |
EDER CHIODETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A percepção do homem contemporâneo diante do caos da
paisagem urbana das grandes
metrópoles é o mote dos dois
novos trabalhos que o fotógrafo
Cássio Vasconcellos apresenta
a partir de hoje na galeria Vermelho, em São Paulo.
Neste início de século 21, a
experiência de circular em
meio ao excesso de informação,
da escala desumanizada da arquitetura e da aceleração contínua dos fluxos das metrópoles
tem transformado drasticamente a relação do homem
com o seu meio.
Entre a partida e a chegada ficamos encapsulados em veículos motores ou cerrados dentro
de nós mesmos. No lugar da
contemplação, o olhar no retrovisor. Contra a falta de tempo, o acelerador. A paisagem
tende a se diluir, criando uma
espécie de cegueira coletiva.
A cidade emerge como um
mosaico ilógico de fragmentos.
Essas questões dialogam diretamente com o áudio-visual
"Fast-Slow Scapes", da artista
Gisele Beiguelman, também
em exibição.
Assim como já havia realizado com a obra "Uma Vista"
(2002), atualmente em exposição na mostra "MAM na Oca",
Vasconcellos supera a constatação desse estado das coisas
para recriar, por meio de artífices poéticos, uma forma original de se embrenhar nesta selva errática formada por edifícios,
esquadrias, placas, luzes, veículos, pessoas.
Na obra nova, "Ponte", segmentada em tiras e exposta em
diferentes planos, vemos uma
imagem da marginal Pinheiros,
em São Paulo. Nela aparece um
edifício contemporâneo, as ruínas de uma ponte abandonada
e ao meio a ponte trafegável.
Três tempos, três edificações
que habitam o mesmo espaço
sem nenhuma relação entre si.
Emaranhado
Na obra "São Paulo", Vasconcellos secciona uma imagem
aérea da cidade em 38 tiras verticais de três metros cada. Dispostas como totens em três planos, a fotografia na íntegra só é
percebida a partir de um único
ponto. Fora deste a imagem
fragmentada volta ser um emaranhado de linhas verticais que
denotam o skyline das urbes.
De perto vê-se que os pixels
que formam as imagens criam
uma deformação da figura. A
fotografia adquire uma textura
própria como se fosse uma segunda pele da cidade. É preciso
se distanciar e fechar um dos
olhos para que a cidade reapareça. A restituição da capacidade de contemplar requer um esforço dos olhos embotados
pela cegueira contemporânea.
A cidade ressurge como experiência estética e sensorial.
CÁSSIO VASCONCELLOS
Quando: abertura hoje, às 20h; de
ter. a sex., das 10 às 19h; sáb., das
11 às 17h; até 16/12
Onde: galeria Vermelho, r. (Minas
Gerais, 350, tel. 3257-2033
Quanto: entrada franca
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