São Paulo, Sábado, 17 de Abril de 1999
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MÚSICA
Cantor e compositor paraibano estréia a turnê do disco "Eu Sou Todos Nós", hoje e amanhã, no Tom Brasil
Zé Ramalho faz show com inéditas

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

O cantor e compositor paraibano Zé Ramalho, 49, escolheu São Paulo para estrear a turnê "Eu Sou Todos Nós", primeira após o sucesso de "Antologia Acústica" (97).
A diferença é que agora Zé tem de enfrentar o público com canções inéditas, e não mais com os clássicos que o reabilitaram em 1997 -o álbum duplo "Antologia" já passou de 500 mil cópias vendidas, encerrando fase de anos de ostracismo que o cantor vivia.
"Abro o show com quatro músicas inéditas, de "Eu Sou Todos Nós", mas só vou tocar sete do disco. Haverá um set com o "filé mignon" do meu repertório: "Avohai", "Chão de Giz", "Admirável Gado Novo", "Frevo Mulher", "Vila do Sossego" ", diz.
Não é que Zé não confie nas novas canções -"Eu Sou..." já vendeu 190 mil cópias, segundo a gravadora BMG. "Pretendo até mostrar duas músicas nunca ouvidas, que estarão no meu próximo álbum duplo, "Nação Nordestina': "Esses Discos Voadores me Preocupam Demais" e "Meu País"."
O novo projeto, que o artista programa para o início do ano 2000, é de um álbum duplo dedicado a obras de extração nordestina, de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro a autores desconhecidos.
"Meu País" integra essa última categoria. "É um martelo agalopado de Liverdo Alves e Orlando Tejo, cantadores/poetas mostrando o que vêem do país, por um ângulo totalmente político."
Além desse, Zé acumula o projeto de um disco dedicado à obra de Raul Seixas. "Era para ser em 2000, mas estou indo mais devagar, em função do grande consumo de meus novos discos, e também para descansar e não exagerar. Mas toco Raul no show. Além de "Trem das 11" e "Medo da Chuva", estamos ensaiando "Loteria de Babilônia"."
Quanto a seu primeiro e raro disco, "Paêbirú" (75), gravado em parceria com o pernambucano Lula Cortes e mantido inédito em CD até hoje, Zé nega que não tenha interesse em vê-lo reeditado.
"Essa história de que exijo que meu nome venha antes do de Lula é uma piada maldosa. Tem que ser daquele jeito. Eu gostaria de vê-lo nas lojas, sim, não faço empecilho algum. O problema é de copyright."
A mais recente aparição de Zé em disco não deve aparecer no show do Tom Brasil. É "Bienal", repente de Zeca Baleiro que ele canta em dueto no novo disco do autor -numa letra que, provavelmente, Zé nunca comporia.
"É, a dele não tem uma métrica precisa e fala da desmaterialização da arte. É um Nordeste revisitado, longe dos estereótipos que nós mesmos trouxemos. É um processo mais século 21, não é mais a imagem do nordestino flagelado, de alpargata de couro. Gosto de participar da carreira de um cara que está começando", resume.

Show: Eu Sou Todos Nós Artista: Zé Ramalho Onde: Tom Brasil (r. das Olimpíadas, 66, tel. 820-2326) Quando: hoje, às 22h; amanhã, às 20h Quanto: R$ 20 a R$ 40


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