São Paulo, domingo, 17 de junho de 2007

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Farra gastronômica na Mooca destaca petiscos imigrantes

Na 12ª edição, festa de estrangeiros e seus descendentes será hoje e no próximo domingo no Memorial do Imigrante

Antiga hospedaria receberá grupos de mais de 20 nacionalidades e etnias; haverá apresentações de dança e música folclórica

Julia Moraes/Folha Imagem
Magali Oliveira e Cristina Merö, responsáveis pelos doces húngaros que serão vendidos na festa


JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se a esfiha, a alheira, o varenique, a paella e o sushi já foram incorporados ao vocabulário gastronômico paulistano, o mesmo não se pode dizer da kiuseta, do braskiu apkepas, do babezki e da mazamorra morada. Difíceis de pronunciar, nada mais são do que pratos tradicionais da Bulgária, da Lituânia, da Polônia e do Peru.
A boa notícia para quem sofre de curiosidade gastronômica é que todos eles, e muitos outros (inclusive os representantes das difundidas cozinhas árabe, portuguesa, italiana, espanhola e japonesa), poderão ser degustados hoje e no próximo domingo em uma festa no Memorial do Imigrante, na Mooca (zona leste de SP).
A antiga hospedaria, por onde passaram imigrantes que desembarcaram no porto de Santos entre 1886 e 1978, receberá mais de 20 comunidades representadas não só por sua culinária mas também por apresentações de danças folclóricas e artesanato.
"Na primeira vez que incluímos comidas típicas, compramos um pouco de cada coisa: sushi, quibe, doces portugueses, focaccia. Foi uma loucura. Acabou tudo muito rápido", diz Silmara Baltazar Novo, assistente de direção do Memorial.
Hoje, quem prepara e vende os doces e os pratos salgados são os próprios representantes de cada comunidade (imigrantes ou descendentes) -os quitutes têm preços que variam de de R$ 3 a R$ 25 (bacalhoada).
"Tanto meu pai quanto minha mãe viveram na hospedaria quando imigraram para cá. Minha mãe falava muito deste espaço", conta Sônia Dimov, 58, da Associação Cultural do Povo Búlgaro no Brasil. "Tem o lado afetivo do lugar em si e também a preocupação de divulgar a cultura. É incrível a quantidade de gente que não sabe onde fica a Bulgária. Neste ano, vamos levar até um mapa."
A localização geográfica da Bulgária não é a única desconhecida. Na última edição, houve um prato que não emplacou. "Fizemos uma gelatina salgada, mas, por não haver nada parecido na culinária brasileira, não teve aceitação", diz Sônia -veja abaixo alguns pratos que serão oferecidos.
Mas nem tudo que é ignorado é rejeitado. O milho roxo empregado no preparo da chicha morada e da mazamorra morada (um refresco e um mingau) sempre chama atenção na barraca peruana.
"Acho interessante quando alguém se aproxima e pega o milho roxo. Não acreditam na cor dele, pensam que foi tingido", conta a tradutora e professora de espanhol Ismênia Vallejos, 48, coordenadora do grupo Peru Cultura e Arte.
Nos pratos lituanos, o estranhamento vem dos nomes: kugelis, zuikis, braskiu apkepas, krupnikas, varskes pyragas...
"Não é um tipo de comida que você encontra para comprar. Esta festa atrai quem quer experimentar coisas novas", diz a neta de lituanos Sandra Mikalauskas Petroff.


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