Caixa Cultural organiza exposição com 85 peças

Divulgação

Detalhe de "Urubus e Casa ao Fundo" (1925), de Goeldi

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O casario decadente, os gatos pretos, os urubus, os mendigos e os pescadores eternizados na obra de Oswaldo Goeldi (1895-1961) ganham até 20 de setembro um novo endereço, a movimentada avenida Paulista.
"Goeldi - Luz Noturna" reúne 85 peças daquele que é considerado por muitos o mais importante gravurista brasileiro.
Com um estilo sempre em diálogo com o expressionismo, foi rejeitado pela crítica e por seus pares durante muito tempo, mas alcançou sucesso a partir dos anos 50. Naquela década, participou de quatro edições da Bienal de Veneza, a mais prestigiada mostra de artes em âmbito internacional.
Entre os destaques da exposição em cartaz na Caixa Cultural, está um conjunto de 11 gravuras, em preto e branco, que foi doado pelo Museu Nacional de Belas Artes ao Projeto Goeldi, que administra o espólio do artista e é responsável por difundir sua obra. "São trabalhos que nunca foram expostos e que são muito representativos da poética de Goeldi, com sua fascinação pela noite, pelos tipos marginais", afirma a curadora da mostra, Lani Goeldi, 50, sobrinha-neta do artista carioca.
A curadora também frisa o acesso fácil ao espaço, encravado no Conjunto Nacional, entre a rua Augusta e a av. Paulista, e a itinerância da mostra, que segue depois para Brasília, Curitiba, Rio e Salvador.
"São Paulo não via um conjunto tão expressivo do artista faz anos. E o Projeto Goeldi tem como objetivo difundir ao máximo seu legado, por isso é importante essa itinerância", diz.
Além das gravuras inéditas, também impressionam trabalhos nos quais Goeldi explora cores pouco vistas em sua produção, como o verde de "Perigos do Mar" (1955) e "Pescador e Peixe" (1950), ou o amarelo de "Mulher na Praia" (sem data).
Os três exemplares são da coleção Maurício Fleury Buck, de onde vem boa parte do que é exposto.
Também são expostos desenhos, ilustrações de livros, esboços e um vídeo, onde artistas como Rubem Grillo e Anna Letycia falam sobre a importância do artista.
Eles lembram a generosidade de Goeldi, que dava para amigos obras hoje disputadas no mercado de arte, de seu humor, apesar das dificuldades econômicas que sempre o acompanharam, e de seu olhar pouco otimista sobre o mundo.