São Paulo, Terça-feira, 17 de Agosto de 1999
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TEATRO
Leitura da primeira peça da cantora, "As Sereias da Rive Gauche", é às 19h30, no auditório da Folha
Vange Leonel estréia na dramaturgia

da Reportagem Local


A cantora e compositora Vange Leonel, 36, expõe, em leitura aberta promovida pela Folha, um novo veio artístico, o de autora teatral.
A peça "As Sereias da Rive Gauche", que será lida hoje, dentro do ciclo "Leituras de Teatro" (que apresenta mensalmente leituras de peças inéditas), por oito atrizes, sob direção de Marcia Abujamra, é sua estréia teatral, mas não como escritora.
Ela mantém, há três anos, coluna na revista "Sui Generis", dedicada ao público homossexual, e é autora do livro "Lésbicas".
"Sempre escrevi. Deixei de lado a escritora para seguir a música porque precisava do contato com o público", afirma a artista, que estreou em disco com a banda de rock Nau, em 1987.
"Quando comecei a escrever para a "Sui Generis", voltou a vontade de escrever alguma coisa de maior volume", explica. "Entre fazer toda a pesquisa histórica e escrever, demorou um ano e meio. Foi quase um trabalho arqueológico."
A peça se passa em Paris, em 1928, em torno de sete artistas lésbicas que realmente existiram.
Vange define a opção pela temática homossexual: "É inevitável que eu escreva sobre lesbianismo, é um universo familiar a mim. É sobre lésbicas, mas não para lésbicas. O público heterossexual pode ir e se identificar. Meu impulso para falar nisso é livrar o tema de estereótipos".
"Estudando aquelas artistas, descobri que as coisas não mudaram muito de 70 anos para cá. Questões que elas viveram, como ser ou não fiel, sair ou não do gueto, seguir ou não modelos heterossexuais de relação, continuam atuais até hoje."
"Na hora em que você se livra dos preconceitos, vê que o que acontece ali é tão extraordinário e tão banal quanto o que há numa relação heterossexual", conclui.
Ela fala sobre ser "caloura" em teatro. "Quis aproveitar a espontaneidade de quem não tem os vícios do meio", diz, admitindo: "Sempre me interessei por teatro, mas não como por música".
Vange já planeja a montagem. "A gente quer montar no ano que vem, provavelmente no mês do orgulho gay. Estamos atrás de patrocínio, essa burocracia toda."
A música, segundo ela, não está em segundo plano. "A música depende muito de lobby das gravadoras. Meu último CD, "Vermelho" (96), que era independente, não foi bem absorvido. Foi aí que resolvi escrever. Mas tenho idealizado um projeto de intérprete, que vou querer fazer no ano que vem, por uma grande gravadora".
O rock, sim, ficará em segundo plano, diz. "Mudei muito meu jeito de cantar, tenho feito versões em português para canções da década de 60 para trás. Sento ao piano todo dia e canto, canto, canto. Pela primeira vez, quero me mostrar como cantora mesmo."
A leitura de "As Sereias da Rive Gauche" acontece às 19h30, no auditório da Folha (al. Barão de Limeira, 425, 9º andar, centro). A entrada é franca, e interessados devem fazer reservas, entre 14h e 17h, pelo tel. 0/xx/11/224-3473.


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