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TEATRO
Leitura da primeira peça da cantora, "As Sereias da Rive Gauche", é às 19h30, no auditório da Folha
Vange Leonel estréia na dramaturgia
da Reportagem Local
A cantora e compositora Vange
Leonel, 36, expõe,
em leitura aberta
promovida pela Folha, um novo veio
artístico, o de autora teatral.
A peça "As Sereias da Rive Gauche", que será lida hoje, dentro do
ciclo "Leituras de Teatro" (que
apresenta mensalmente leituras
de peças inéditas), por oito atrizes, sob direção de Marcia Abujamra, é sua estréia teatral, mas
não como escritora.
Ela mantém, há três anos, coluna na revista "Sui Generis", dedicada ao público homossexual, e é
autora do livro "Lésbicas".
"Sempre escrevi. Deixei de lado
a escritora para seguir a música
porque precisava do contato com
o público", afirma a artista, que
estreou em disco com a banda de
rock Nau, em 1987.
"Quando comecei a escrever
para a "Sui Generis", voltou a vontade de escrever alguma coisa de
maior volume", explica. "Entre
fazer toda a pesquisa histórica e
escrever, demorou um ano e
meio. Foi quase um trabalho arqueológico."
A peça se passa em Paris, em
1928, em torno de sete artistas lésbicas que realmente existiram.
Vange define a opção pela temática homossexual: "É inevitável que eu escreva sobre lesbianismo, é um universo familiar a
mim. É sobre lésbicas, mas não
para lésbicas. O público heterossexual pode ir e se identificar.
Meu impulso para falar nisso é livrar o tema de estereótipos".
"Estudando aquelas artistas,
descobri que as coisas não mudaram muito de 70 anos para cá.
Questões que elas viveram, como
ser ou não fiel, sair ou não do gueto, seguir ou não modelos heterossexuais de relação, continuam
atuais até hoje."
"Na hora em que você se livra
dos preconceitos, vê que o que
acontece ali é tão extraordinário e
tão banal quanto o que há numa
relação heterossexual", conclui.
Ela fala sobre ser "caloura" em
teatro. "Quis aproveitar a espontaneidade de quem não tem os vícios do meio", diz, admitindo:
"Sempre me interessei por teatro,
mas não como por música".
Vange já planeja a montagem.
"A gente quer montar no ano que
vem, provavelmente no mês do
orgulho gay. Estamos atrás de patrocínio, essa burocracia toda."
A música, segundo ela, não está
em segundo plano. "A música depende muito de lobby das gravadoras. Meu último CD, "Vermelho" (96), que era independente,
não foi bem absorvido. Foi aí que
resolvi escrever. Mas tenho idealizado um projeto de intérprete,
que vou querer fazer no ano que
vem, por uma grande gravadora".
O rock, sim, ficará em segundo
plano, diz. "Mudei muito meu jeito de cantar, tenho feito versões
em português para canções da década de 60 para trás. Sento ao piano todo dia e canto, canto, canto.
Pela primeira vez, quero me mostrar como cantora mesmo."
A leitura de "As Sereias da Rive
Gauche" acontece às 19h30, no
auditório da Folha (al. Barão de
Limeira, 425, 9º andar, centro). A
entrada é franca, e interessados
devem fazer reservas, entre 14h e
17h, pelo tel. 0/xx/11/224-3473.
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