São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 2002

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Pequenas e médias editoras buscam visibilidade com a Primavera dos Livros, que abre para o público amanhã

Por um lugar na estante

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

É a vez das pequenas e médias. São Paulo recebe hoje e vê encerrada no domingo a Primavera dos Livros, feira que reúne no Centro Cultural São Paulo cerca de 70 editoras que não estão dentro do circuito das "majors". O evento foi criado em 2001 no Rio de Janeiro e atraiu à edição deste ano aproximadamente 12 mil pessoas.
Entre os atrativos para o público paulistano estão descontos que variam entre 20% e 40% para levar desde um volume da mais recente tradução de "Finnegans Wake", de James Joyce, feita por Donaldo Schüler, até "Deuses Americanos", romance do craque dos quadrinhos Neil Gaiman.
Um dos principais objetivos da feira é oferecer diretamente aos leitores obras que perderam espaço dentro das megastores.
Segundo Ivana Jinkings, 40, da editora Boitempo e integrante da comissão de organização e divulgação da Primavera dos Livros, companhias de menor porte não têm condições de saciar a sede das grandes livrarias por um elevado número de lançamentos a cada mês e tomam o lugar do catálogo de algumas editoras.
Outro ponto de partida para a realização da Primavera dos Livros foi a espetacularização das bienais -com eventos pouco relacionados a literatura, como apresentações de DJs-, que, segundo Jinkings, estava deixando o livro em segundo plano.
"Também o nosso livro se dilui muito no meio de tantas ofertas de obras didáticas e de auto-ajuda. As bienais começaram a atingir mais um público frequentador de feiras do que frequentador de livrarias", afirma.
No entanto ela diz que a intenção não é afrontar os grandes eventos de promoção de livros. "Até porque nós participamos deles. Mas o que queremos é trazer de volta os leitores para os salões."
Para fazer um contraponto, a Primavera dos Livros padronizou o tamanho dos 64 estandes e não vai promover sessões de autógrafos com escritores. "O único atrativo será o livro", afirma.
O "dogma" só é rompido com a realização de debates, que terão presença de autores como Marçal Aquino, Glauco Mattoso, Antonio Candido e André du Rap.
Sobre o nariz torcido dos livreiros quanto à venda direta para o público, a editora afirma que os problemas foram superados e que hoje, no Rio, já existem parcerias entre lojas e editoras pequenas e médias que envolvem promoções e descontos.

Nova entidade
Hoje, dia fechado para o público, serão discutidos os rumos da Libre, entidade criada para a organização da Primavera dos Livros. Ivana Jinkings não confirma se um dos pontos do debate será definir a Libre como associação para defender os interesses das pequenas e médias editoras.
Mas dá como certeza que a feira terá periodicidade anual no Rio de Janeiro e em São Paulo e que ganhará em 2003 uma edição em Porto Alegre e outra em Belo Horizonte no ano seguinte.
E o que pode mudar no mercado com a chegada da Primavera? Diz Jinkings: "Muitas coisas já estão acontecendo. As grande livrarias já estão começando a perceber a existência de um público para editoras desse porte. A gente quer conquistar esse espaço".


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