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Pequenas e médias editoras buscam visibilidade com a Primavera dos Livros, que abre para o público amanhã
Por um lugar na estante
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
É a vez das pequenas e médias.
São Paulo recebe hoje e vê encerrada no domingo a Primavera dos
Livros, feira que reúne no Centro
Cultural São Paulo cerca de 70
editoras que não estão dentro do
circuito das "majors". O evento
foi criado em 2001 no Rio de Janeiro e atraiu à edição deste ano
aproximadamente 12 mil pessoas.
Entre os atrativos para o público
paulistano estão descontos que
variam entre 20% e 40% para levar desde um volume da mais recente tradução de "Finnegans
Wake", de James Joyce, feita por
Donaldo Schüler, até "Deuses
Americanos", romance do craque
dos quadrinhos Neil Gaiman.
Um dos principais objetivos da
feira é oferecer diretamente aos
leitores obras que perderam espaço dentro das megastores.
Segundo Ivana Jinkings, 40, da
editora Boitempo e integrante da
comissão de organização e divulgação da Primavera dos Livros,
companhias de menor porte não
têm condições de saciar a sede das
grandes livrarias por um elevado
número de lançamentos a cada
mês e tomam o lugar do catálogo
de algumas editoras.
Outro ponto de partida para a
realização da Primavera dos Livros foi a espetacularização das
bienais -com eventos pouco relacionados a literatura, como
apresentações de DJs-, que, segundo Jinkings, estava deixando
o livro em segundo plano.
"Também o nosso livro se dilui
muito no meio de tantas ofertas
de obras didáticas e de auto-ajuda. As bienais começaram a atingir mais um público frequentador
de feiras do que frequentador de
livrarias", afirma.
No entanto ela diz que a intenção não é afrontar os grandes
eventos de promoção de livros.
"Até porque nós participamos deles. Mas o que queremos é trazer
de volta os leitores para os salões."
Para fazer um contraponto, a
Primavera dos Livros padronizou
o tamanho dos 64 estandes e não
vai promover sessões de autógrafos com escritores. "O único atrativo será o livro", afirma.
O "dogma" só é rompido com a
realização de debates, que terão
presença de autores como Marçal
Aquino, Glauco Mattoso, Antonio Candido e André du Rap.
Sobre o nariz torcido dos livreiros quanto à venda direta para o
público, a editora afirma que os
problemas foram superados e que
hoje, no Rio, já existem parcerias
entre lojas e editoras pequenas e
médias que envolvem promoções
e descontos.
Nova entidade
Hoje, dia fechado para o público, serão discutidos os rumos da
Libre, entidade criada para a organização da Primavera dos Livros. Ivana Jinkings não confirma
se um dos pontos do debate será
definir a Libre como associação
para defender os interesses das
pequenas e médias editoras.
Mas dá como certeza que a feira
terá periodicidade anual no Rio
de Janeiro e em São Paulo e que
ganhará em 2003 uma edição em
Porto Alegre e outra em Belo Horizonte no ano seguinte.
E o que pode mudar no mercado com a chegada da Primavera?
Diz Jinkings: "Muitas coisas já estão acontecendo. As grande livrarias já estão começando a perceber a existência de um público para editoras desse porte. A gente
quer conquistar esse espaço".
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