Rainha se apaixona pelo enteado e não se conforma com a rejeição, na montagem adaptada pelo ator Fábio Furtado

Peça "Phaedras's Love", que ocupa o teatro Fábrica São Paulo até o próximo dia 15, atualiza tragédia de Sêneca e critica autoridade dos reis

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Maria Paula Brandão, como Fedra, na peça que estréia esta noite

Peça da inglesa Sarah Kane (1971-1999) inédita na cidade, "Phaedras's Love" (o amor de Fedra) ganha montagem de Ricardo Gali, da Cia. Perversos Polimorfos. A temporada começa hoje no teatro Fábrica São Paulo.
Em seu segundo texto, de 1996, Kane transpõe a tragédia de Sêneca para a atualidade. Na trama, uma rainha se apaixona pelo enteado e não se conforma com a rejeição. O foco recai mais sobre o personagem Hipólito do que sobre Fedra.
Segundo Gali, está implícita uma crítica da autora à monarquia em geral e à britânica em particular, fomentada pelos escândalos, na época, em torno dos adultérios tanto do príncipe Charles como da princesa Diana.
"O que o texto de Sarah Kane acaba por acusar, no centro da discussão, é o mecanismo perverso, de natureza político-religiosa, que vê no soberano uma espécie de pai, seja na figura do monarca, do presidente, do primeiro-ministro ou do próprio Estado como entidade abstrata, ao mesmo tempo em que evidencia a falência desse mesmo modelo", diz Gali, 31.
A obra é traduzida e adaptada por Fábio Furtado, que integra o elenco com Eros Valério (Hipólito), Paula Brandão (Fedra), Laura Fajngold, Julio Avanci e Germano Melo.
No Espaço dos Satyros Dois (pça. Franklin Roosevelt, 134, tel. 3258-6345) segue em cartaz outro texto da autora, "Psicose 4h48", que aborda a depressão profunda e o que acontece quando desaparecem as barreiras entre imaginação e realidade, sob direção de Marcos Damasceno (ter. e qua., às 21h30; R$ 20; até 31/10).