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Paulista se firma como cenário de teatro e dança
Tradicional reduto do cinema, a avenida se consolida também como espaço para as artes cênicas, em locais como o Sesc e o Itaú Cultural
Unidade Provisória herdou vocação para encontro ao vivo com a arte, também possível no Centro Cultural Fiesp e na Casa das Rosas
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O drama é cada vez mais forte entre o Paraíso e a Consolação. Com seis endereços para
cinema, a avenida Paulista
também consolidou, nos últimos tempos, espaços e públi-
cos cativos para a dança e
o teatro.
Invariavelmente nervosa,
dado o vaivém de pessoas e veículos -ou por causa do congestionamento mesmo-, a centenária Paulista, com seus 115
anos recém-completados, tem
lá sua reserva de arte que pede
o encontro ao vivo.
São quatro locais em que o
espectador se depara com espetáculos inclinados ao experimento nos campos da encenação e da dramaturgia. Ou seja,
não têm o apelo de comédias
"fáceis" com rostos conhecidos
da televisão.
A exceção deste perfil é um
quinto teatro, o da Gazeta, que
está em recesso e volta em janeiro. Até dois anos atrás, havia
ainda a sala do Centro Cultural
Santa Catarina, mas a programação teatral está suspensa.
Inaugurada em abril, a Unidade Provisória Sesc Avenida
Paulista, no edifício de 15 andares onde funcionava a sede administrativa do Serviço Social
do Comércio em São Paulo, aos
poucos tornou-se referência.
Herdou a vocação do Sesc Belenzinho para uma intensa e
elogiada programação em artes
cênicas. A unidade da zona leste passa por reformas e deve
reabrir apenas em 2009.
No "condomínio", os andares
do 9º ao 12º são adaptados ao
sabor de cada criação. Com freqüência, as cenografias incorporam o "skyline" da paisagem
de concreto avistada pelos janelões. Não existem palcos, e
sim espaços não-convencionais em que a disposição da platéia e da cena são variáveis (de
40 a cem lugares).
Neste domingo, o cartaz do
Sesc Paulista, em pleno final de
temporada, elenca três peças e
uma coreografia (veja a programação ao lado).
"Na Paulista, convive-se com
passantes de todas as naturezas, o trabalhador, o mendigo, o
curioso, enfim, é uma avenida
cuja exuberância é ligada à capacidade constante de transformação", diz a gerente da unidade, Elisa Maria Americano
Saintive, 51, que anuncia um
café no piso, em janeiro, e comedoria no 15º, em maio.
Territórios cênicos
Os vizinhos Itaú Cultural e
Casa das Rosas também são
territórios cênicos. Aquele,
mais pontualmente. Esta abre
as portas inclusive para a escrita teatral, com seu Centro de
Dramaturgia Contemporânea
e com a residência recente da
Cia. dos Dramaturgos.
Uma das suas integrantes, a
diretora Paula Chagas, faz hoje
a última apresentação da peça
"Pé na Estrada".
Inaugurado em 1963, o Teatro Popular do Sesi (TPS) tem a
sala batizada com o nome de
seu ex-diretor e fundador, Osmar Rodrigues Cruz, 82. Trata-se de endereço cultural dos
mais antigos da avenida, hoje
incorporado ao Centro Cultural Fiesp.
"Timão de Atenas" encerrou
na sexta-feira sua temporada
no TPS, Shakespeare protagonizado por Renato Borghi. No
mezanino do Centro Cultural
Fiesp, o Núcleo Experimental
do Sesi apresenta até hoje
"Quem Nunca", com direção de
Renata Melo.
Já não se vêem as costumeiras e espichadas filas para o
TPS no número 1.313 da av.
Paulista. Agora, é preciso pagar
para assistir às sessões de sexta-feira e de sábado; a retirada
de ingressos gratuitos para
quinta-feira e domingo se dá a
partir das 12h.
Atento à agenda do corredor
cênico, o público encontra seu
modo de contracenar.
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