JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A temporada anual da Sociedade de Cultura Artística prossegue hoje e amanhã com o Concerto Italiano, especializado em música barroca e que traz a São Paulo um programa dedicado apenas a Johann Sebastian Bach (1685-1750).
Serão os seis "Concertos de Brandemburgo" e ainda as sinfonias de seis cantatas sacras. A formação -cordas e cravo- tem ao cravo e como regente o musicólogo Rinaldo Alessandrini.
O Concerto Italiano surgiu de forma tardia -início dos anos 90- entre os grupos que passaram a fazer o barroco com um rigor (afinação ligeiramente mais grave, ausência de vibrato nos instrumentos de cordas) próximo àquele com que o repertório era levado ao público do século 16 à primeira metade do século 18.
Ao chegar em sua turnê com 12 obras de Bach, Alessandrini também demonstra uma certa ousadia. Entra para concorrer com conjuntos alemães, holandeses e britânicos que desde os anos 70 freqüentam o "barroco autêntico" e nos habituam a essa forma diferenciada e quase madrigalesca de ouvir o repertório.
Os "Brandemburgo" são peças em quatro partes, provavelmente compostas em torno de 1721. Sinfonias não eram, em Bach, grandes obras orquestrais. Significavam prelúdios ou interlúdios nas mais de 300 cantatas que o compositor de Leipzig escreveu.
Ainda com relação a Bach, Alessandrini gravou uma "Arte da Fuga" que o diferenciou de outras versões consagradas (Savall, Goebel, Quarteto Keller) ao supor que o compositor escrevera uma partitura básica a partir da qual o intérprete poderia aplicar a linguagem dos ornamentos abundantes no barroco francês.
Ao lado de Bach, Alessandrini se notabilizou por interpretações ou gravações de Luca Marenzio, Domenico Scarlatti, Claudio Monteverdi, Giovanni Pergolesi. E, obviamente, Antonio Vivaldi, que foi o autor de uma de suas excursões internacionais.
O Concerto Italiano tem 35 gravações no catálogo europeu, algumas delas altamente premiadas, como o CD realizado em 1995, dedicado a Alessandro Striggio, compositor do século 16 não muito conhecido. Ou então o álbum "Segundo Livro de Madrigais" de Monteverdi, bem mais interpretado e que levou sete prêmios da crítica.
Em resumo, um excelente programa musical em São Paulo.