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ARTES PLÁSTICAS
Livro ilustra em 160 imagens a trajetória, desde os anos 50, do artista brasileiro radicado na França
Obra enquadra arquiteturas de Arthur Piza
LUCRECIA ZAPPI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Arthur Luiz Piza, 75, é um dos
últimos exponentes das gerações
de artistas brasileiros que buscaram Paris numa época em que a
cidade era referência mundial para a arte.
Seguindo o caminho trilhado
antes por Tarsila do Amaral, Di
Cavalcanti, Sérgio Camargo e Cícero Dias, Piza foi a Paris em 1951,
após ter participado da 1ª Bienal
de São Paulo. E lá permanece até
hoje.
O contato com o Brasil nunca se
perdeu. Apesar de ter passado 52
anos fora do país, Piza diz acompanhar a produção de arte brasileira e se considera parte dela,
mesmo morando no exterior, e
observa: "A arte não é uma questão de lugar, a gente carrega a arte
com a gente".
O livro "Arthur Luiz Piza", que
ilustra sua trajetória desde os anos
50 em 360 páginas, é prova disso.
Elaborado pela Cosac & Naify,
com um pé aqui e outro lá, a edição bilíngue português-francês
contém textos de dois celebrados
críticos franceses, Christine Frérot e Michel Nuridsany, morto recentemente. A cronologia é de
Tiago Mesquita.
Gravura
Apesar da edição reunir 160
imagens de colagens e aquarelas,
entre outras técnicas, o meio privilegiado de Piza é a gravura porque "significa incisão, romper
com a superfície".
Através dos cortes, Piza descobre um outro espaço físico, não só
no papel, mas também na tela e
no metal. Do primeiro plano um
novo espaço é lançado, indicado
também pela presença constante
de setas. Mesmo em suas obras
mais intimistas nota-se um forte
sentido espacial.
As setas e os volumes suspensos
na superfície criam uma tensão.
As sombras que se formam não
são utilizadas aqui para reiterar o
volume tridimensional, mas para
materializar esta ação por meio da
luz.
O livro sugere uma vida entre
duas margens, seja entre dois países, seja entre dois movimentos
de arte: o neoconcretismo brasileiro e o abstracionismo informal
francês.
Paul Klee
Arthur Luiz Piza não utiliza a
geometria como um ponto de
chegada, mas como um ponto de
partida. Isso o aproximaria de
Paul Klee (1879-1940), que, já no
início do século, criava elementos
de arquiteturas imaginárias.
As formas talhadas lembram
uma cidade que emerge. Essa interação de desdobramentos ganha uma vitalidade orgânica que,
como as setas, indicariam a pluralidade de seu universo. "As setas
vão para todos os cantos, como a
internet: sabemos que estamos
em todos os lugares. Não existe
mais um único lugar onde as coisas estejam se passando", diz Piza.
ARTHUR LUIZ PIZA. Textos: Christine
Frérot e Michel Nuridsany. Editora: Cosac
& Naify. Quanto: R$ 129 (360 págs.).
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