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CINEMA
Espaço Unibanco e Sala Cinemateca exibem mostras com produção recente e premiada dos dois países europeus
Portugal e Alemanha driblam anonimato
PAULO SANTOS LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Duas mostras tentam atualizar a
carta de diretores alemães e portugueses pouco conhecidos em
terras brasileiras. "Novíssimo Cinema Alemão", que começa hoje
na Sala Cinemateca, exibe seis filmes produzidos entre 2001 e 2002.
A outra, "Novíssimos Cineastas
Portugueses", que ocorre a partir
de sexta no Espaço Unibanco de
Cinema, traz cinco longas rodados a partir de 1999, acompanhados de quatro curtas de animação
(veja quadro ao lado).
Menos uma coincidência, o termo "novíssimo" presente em ambas as mostras é justificado pelo
desconhecimento dos brasileiros
sobre duas cinematografias que
ainda mantêm as caldeiras em
bom funcionamento.
O cineasta e crítico Carlos
Adriano, curador da versão lusitana, não foi infeliz com a alcunha
que deu à sua mostra. De um cinema preso à genialidade de Manoel de Oliveira e João César
Monteiro, são "novos diretores"
esses cujas obras apenas pingam
homeopaticamente nos festivais
brasileiros.
Na mostra no Unibanco, os destaques ficam para "A Selva", co-produção Portugal-Brasil com
elenco transmarítimo, de Maitê
Proença a Chico Diaz. Há, ainda,
o premiado em Veneza "Nha Fala", de Flora Gomes, de Guiné-Bissau, e o agraciado (inclusive no
Anima Mundi de 2000) curta de
José Miguel Ribeiro, "A Suspeita".
Gus van Sant alemão
No caso alemão, talvez o passado nada vulgar de sua filmografia
-com cineastas do nível de um
Lang, Murnau, Fassbinder, Herzog e até Wenders, nos anos 80-
tenha congestionado o acesso a
novos diretores. A exceção recente fica para o sucesso mundial de
"Adeus, Lênin", que, ironicamente, é assinado por Wolfgang Becker, um cinqüentão que filma
desde 1988.
A seleção oferecida pela Cinemateca Brasileira em associação
com o Instituto Goethe parece
mostrar obras pouco afeitas a ousadias narrativas. Opção que por
vezes dá certo, como em "Berlim
Fica na Alemanha", sobre um ex-presidiário na Alemanha pós-queda do Muro. Ou que causa
certo estranhamento, como a história do africano tentando a sorte
na Europa em "Anansi".
A forma e o tema ganham casamento perfeito no grande destaque desta mostra, "Excursão Escolar". Henner Winckler segue o
caminho de Gus van Sant ao preservar o mistério sobre três adolescentes em excursão no litoral
báltico. Tal distância, que impede
psicologizações dos personagens,
mantém a aura de mistério que
existe nessa fase da vida -e à qual
vários diretores se aventuram,
ano a ano, acertando e errando na
abordagem sobre o universo dos
jovens.
Neste filme elogiado pela crítica
norte-americana, Winckler dribla
o sensacionalismo do tema, abolindo a música incidental e deixando na (não) expressividade do
ótimo ator Steven Sperling toda a
força desse nada sensacionalista
longa sobre adolescentes.
As duas seleções cooperam para
arejar o conhecimento sobre os
cinemas alemão e português
atuais, que ainda sofrem certo
anonimato no Brasil pelo brilho
que os grandes cineastas conquistaram no passado.
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