São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

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Mostra revê missão francesa no Brasil

Pinacoteca do Estado abriga obras de artistas que chegaram ao país no séc. 19 para fundar a Academia Imperial de Belas Artes

Exposição tem trabalhos de pintores como Jean-Baptiste Debret e Nicolas Antoine Taunay e da primeira geração de alunos da Academia

Divulgação
"Estudo para Desembarque de D. Leopoldina do Brasil" (1837), de Jean-Baptiste Debret, em exposição na Pinacoteca do Estado


GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Oito anos depois da vinda da família real para o Brasil, em 1808, uma outra comitiva aportava no país. A pedido de D. João, um grupo francês de pintores, escultores, arquitetos e gravuristas vinha para aqui fundar a primeira instituição oficial de ensino de artes, a Academia Imperial de Belas Artes.
São obras criadas por esses mestres franceses e por sua primeira geração de alunos que a Pinacoteca recebe a partir de hoje, no mesmo conjunto de salas que há alguns meses abrigou a pintura francesa da corte de Versalhes.
Se aquela exposição retratava a dinastia Bourbon nos séculos 17 e 18, este conjunto agora exposto retrata o contexto imperial do Rio de Janeiro, no desenrolar do século 19, com uma estética em tudo inspirada (ou importada) no neoclássico francês.
As 75 obras apresentadas pertencem todas ao acervo do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, e a mostra chega a São Paulo depois de uma temporada no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.
A curadoria tríplice de Laura Abreu (responsável especialmente pelos desenhos de arquitetura), Mariza Dias (escultura) e Pedro Xexéo (pintura) dividiu a exposição em dois segmentos principais: de um lado, estão obras dos próprios integrantes da missão - Nicolas Antoine Taunay, Jean-Baptiste Debret, Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny, Auguste Marie Taunay, Charles Simon Pradier, Zépherin e Marc Ferrez (pai e tio do fotógrafo, respctivamente)- e de sua primeira geração de alunos formada na Academia -Manuel de Araújo Porto Alegre, Auguste Muller, entre outros.

Traços embrionários
Neste último segmento, em meio ainda aos parâmetros neoclássicos, é possível ver traços embrionários do que viria a ser o romantismo no Brasil. O melhor exemplo é a estátua de um índio vestido como soldado do Império.
"Costumo dizer que o título ideal para esta obra seria "Monarquia Tropical", diz Mariza. "Mas a filosofia da exposição é parar justamente quando começa a transição do neoclássico para o romântico."
Na sala dos mestres, vale atenção especial aos desenhos arquitetônicos de Grandjean (alguns deles feitos antes de sua vinda para o Brasil), às gravuras de Pradier (feitas no Brasil, mas impressas na Europa, por falta de aparato técnico) e às belíssimas (ainda que poucas) obras de Debret.

MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA
Quando:
abertura hoje, das 11h às 14h; ter. a dom., das 10h às 18h; até 23/9
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 3324-1000)
Quanto: R$ 4 (sáb. grátis)


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