BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Muito se fala hoje da "ressurreição" do cinema italiano, país que teve uma das produções mais vigorosas do mundo até os anos 70 e que, na década passada, foi praticamente reduzida ao mala Roberto Benigni e ao ótimo Nanni Moretti.
A comédia romântica "Lição de Amor" passa longe dos fortes e recentes "Gomorra" e "O Crocodilo", mas não deixa de ser sintoma desse momento. Afinal, se os italianos voltam a aparecer nas telas brasileiras, é normal que filmes menores, tolos, ganhem espaço também.
Baseado em livro do próprio diretor, Federico Moccia, "Lição de Amor" conta a manjada história de amor que supera a diferença de idades. Niki (Michela Quattrociocche) é a estudante de 18 anos que, num acidente de trânsito, conhece Alex (Raoul Bova), 37, publicitário deprimido após ser abandonado pela namorada carreirista.
Poderia ser um filme tipicamente hollywoodiano (e, na maior parte do tempo, é), não fosse um certo acento local, com personagens que declamam em alto e bom som "io ti amo", fazendo jus ao clichê de que os italianos adoram gritar em filmes enquanto gesticulam freneticamente.
Mais que as situações de estranhamento que surgem do "gap" geracional, o que o filme tem de interessante é a tentativa de mostrar como a disposição para o amor muda dos 18 anos aos 30 e poucos.
Inicialmente, os personagens de "Lição de Amor" seguem a ideia de que os jovens são sonhadores e bobos, e os mais velhos estão engessados numa vida burocrática e precisam de sangue novo. No final, vira mais um filme com tese a se provar, com "lições", mas nada distante dos manuais de autoajuda, na linha "abra-se para o novo" e "há sempre o que aprender na vida, independentemente da idade". Nada contra, mas, em cinema, fica um tanto previsível.