São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2004

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MÚSICA

Cantor faz show gratuito de seu CD de estréia

De Leve espalha seu estilo pelo Sesc

Divulgação
O rapper niteroiense Ramon Moreno, o De Leve, que faz apresentação gratuita hoje do álbum "O Estilo Foda-Se" no Sesc Pompéia


SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

Desviados por rádios e TVs, os petardos de voz disparados pelo niteroiense Ramon Moreno, o rapper conhecido como De Leve, ainda continuam sendo mais ricocheteados pela comunidade musical da internet e, vejam só, pelo público paulista.
É dessa forma então que De Leve volta a uma casa da cidade, em apresentação gratuita hoje na choperia do Sesc Pompéia. O mote permanece o disco "O Estilo Foda-Se", o de sua estréia, lançado no ano passado pela sua Tomba Records em parceria com a gravadora Segundo Mundo, de propriedade do produtor Dudu Marote, mas que ecoou mesmo em downloads de lá para cá e acolá. Muitos deles movidos pelo reducionista e já desgastado rótulo pregado no niteroiense de "Eminem brasileiro".
É que no rap de De Leve, em vez das "quebradas" e da realidade cruel, cenários típicos das rimas paulistas emuladas no resto do país, estão ironia e sarcasmo na descrição do que pensa o "playboy branco" de 22 anos, "ainda sustentado pelo que entra de merreca dos shows e por papai e mamãe". Palavras do próprio, de dentro e de fora das músicas.
De Leve vocifera porradas em metade do showbusiness nacional ("Pra Bombar no Seu Estéreo"), na estética hip hop importada dos EUA ("Rapper de Mentira") e conta a sua fixação por sexo com garotas menstruadas ("Menstruação"). O título do disco é auto-explicativo.
Para a patrulha hip hop que olha torto para quem dá a mínima escapadela dos problemas sociais nas letras, De Leve diz que "dá para falar sobre esse lance de uma outra forma. O problema é as pessoas entenderem. Cada um tem sua opinião, mas não vou ficar empurrando minhas idéias; eu falo do meu jeito, faço do meu jeito. Não vou forçar você a gostar".

"Rio feudal"
Barrado nos meios mais tradicionais de divulgação, diz que a saída tem sido repassar suas músicas para DJs amigos, que despejam a artilharia de "O Estilo Foda-Se" nas pistas. Ou, como vem ocorrendo, torcer para que continue emplacando na programação de uma ou outra rádio mais ousada do Sul do país, em especial as de Porto Alegre e Florianópolis.
Até porque, na sua Niterói natal ou mesmo do outro lado da ponte, a resposta ao seu trabalho não tem sido das mais entusiasmadas: "Culturalmente, o Rio de Janeiro é muito feudal, é horrível. Tanto os jornais em si como o cenário musical, tudo é muito fechado. O pessoal daqui ainda prefere falar do Caetano [Veloso]. É mais cômodo", afirma.
Mas quanto a isso De Leve mais uma vez evoca o nome de seu disco: "A gente não está tão empenhado para que todo mundo ouça. Pode ser que demore para as pessoas conhecerem, mas aos poucos vai caminhando. Não tenho muita pressa, não".
Nessa toada, o rapper já finaliza o primeiro trabalho de fato do seu também bem falado grupo Quinto Andar, projeto que ele leva com o DJ Castro e com o MC Marechal. O álbum ainda não foi intitulado e terá sua distribuição negociada. Mas, com ou sem ela, De Leve diz que quer o disco na internet. É ou não afronta ao showbusiness nacional?

DE LEVE. Show do disco "O Estilo Foda-Se" dentro do projeto Prata da Casa. Quando: hoje, às 21h. Onde: Sesc Pompéia - choperia (r. Clélia, 93, Pompéia, tel. 3871-7700) Quanto: entrada franca.


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