São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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TEATRO

Montagem de Monique Gardenberg para o épico "geracional" do canadense Robert Lepage reestréia no Hilton

"Rio Ota" incorpora culturas do século 20

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das montagens mais elogiadas de 2003 (passou por Rio, São Paulo, Brasília e Curitiba), "Os Sete Afluentes do Rio Ota" retoma temporada paulistana a partir de hoje, no teatro Hilton.
Apesar dos rostos bastante conhecidos da TV entre os 14 atores (Maria Luisa Mendonça, Caco Ciocler, Beth Goulart, Simone Spoladore...), trata-se aqui de um espetáculo com a marca experimental do encenador canadense Robert Lepage, co-autor do texto com o grupo Ex-Machina (96).
São cinco horas de apresentação (incluídos 25 minutos de intervalo) de um épico dividido em sete quadros que avançam com situações do final da Segunda Guerra, em 1945, até 2000. Os personagens se entrelaçam em gerações marcadas por traumas pessoais ou coletivos no Oriente e no Ocidente do planeta.
Monique Gardenberg, com mais experiência no cinema ("Benjamim"), encontrou em "Rio Ota" sua primeira direção teatral, estruturas narrativa e cênica determinadas pela linguagem cinematográfica da qual Lepage também é próximo.
"O teatro transcendeu ao palco as suas limitações técnicas para viajar pelo tempo e espaço; sublimou, como num toque de mágica, o distanciamento imposto pela autoridade da encenação para chegar muito perto de cada um de nós", diz Gardenberg.
O espetáculo abre com o soldado norte-americano Luke O'Connor (Ciocler) em Hiroshima, em 1945. Ele fotografa, a serviço, casas que resistiram à bomba atômica. É assim que conhece Nozomi (Goulart), cujo rosto foi deformado pela radiação.
A cena seguinte salta 20 anos para Nova York, onde mora o filho de Nozomi, Jeffrey Yamashita (Jiddu Pinheiro). E assim seguem-se os quadros. Na quinta parte, tempo e espaço oscilam Hiroshima e Terezin (República Tcheca), um campo de concentração. A personagem judia Jana Capek (Helena Ignez) relembra a difícil passagem com os nazistas, ela então com 11 anos (aqui, um papel-desafio para Mendonça).
A saga termina onde começou, em Hiroshima, no encontro de um homem e uma mulher que vai sugerir uma nova fusão de culturas e esperanças.


OS SETE AFLUENTES DO RIO OTA.
Direção: Monique Gardenberg. Com: Pascoal da Conceição, Lorena da Silva, Madalena Bernardes e outros. Onde: teatro Hilton (av. Ipiranga, 165, tel. 3188-4148). Quando: reestréia hoje; sáb., às 19h, dom., às 18h; até 5/9. Quanto: R$ 30.



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