São Paulo, sábado, 19 de setembro de 2009

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"Maria Stuart" de Schiller ganha os palcos de SP

Obra complexa teve tradução do poeta Manuel Bandeira

Lenise Pinheiro /Divulgação
As atrizes Julia Lemmertz e Lígia Cortez posam para foto

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Deve haver poucos lugares mais apropriados do que Brasília para se estrear uma montagem de "Maria Stuart", o tratado de Friedrich Schiller (1759-1805) sobre a queda de braço entre duas rainhas e a teia de intrigas palacianas, alianças promíscuas e bodes expiatórios que se forma em torno delas.
Pois foi o que aconteceu com a produção dirigida por Antonio Gilberto e protagonizada por Julia Lemmertz e Lígia Cortez, em cartaz em São Paulo a partir de hoje. "Lá [em Brasília], as pessoas riam, reconheciam-se naquilo.
A gente queria fazer a peça na Câmara, mas aí teria de levar ao Senado também", provoca Julia, que vive Maria Stuart, a passional rainha da Escócia cujas ambições atordoam sua prima, Elizabeth 1ª (Lígia Cortez), a fria rainha da Inglaterra.
Tanto assim que ficará trancafiada anos a fio por ordem da soberana inglesa, até convencê-la, via emissários, da serventia de um encontro -que será uma variação do duelo de Dionísio (a impulsiva Maria) e Apolo (a cerebral Elizabeth).
Sem grandes lances de encenação, como figurinos ou cenários faustosos, a montagem volta o foco para atores -13, no total- e texto -na erudita tradução de Manuel Bandeira. A reverência a esse último leva a produção a se aproximar mesmo, em certos momentos, de uma leitura dramática, com longas sequências de posicionamento estático ou quase imperceptível dos atores.
"Já é um texto tão rebuscado que qualquer efeito, invenção, poderia causar distração. Daí essa economia", diz Julia.
A obra de Schiller sofre poucos cortes, o que leva a peça a bater nas três horas de duração, ato de coragem em tempos de reinado de comédias ligeiras na temática e na cronometragem.
"Fomos pela via mais difícil.
Poderíamos ter cortado, adaptado. É claro que são outros tempos, as pessoas têm menos interesse, disponibilidade. Mas a culpa é também da gente [profissionais de teatro], que vai facilitando, perdendo a gana de destrinchar textos como esse", completa a atriz.


MARIA STUART

Quando: estreia hoje; em setembro, aos sáb., às 21h, e dom., às 19h; em outubro, sex. e sáb., às 21h, e dom., às 19h
Onde: teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 3234-3000); até 25/10
Quanto: de R$ 5 a R$ 20
Classificação: 12 anos




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