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Jô Soares, que canta a toca bongô em show com o Sexteto

especial para a Folha

Um show de jazz transformado em espetáculo. É assim que o humorista e escritor Jô Soares define as três apresentações do Sexteto Onze e Meia, que ele comanda de hoje a quinta-feira, no Bourbon Street Music Club.
"O espírito desse show é o de uma "jam session". Só que para dar a impressão de algo bem relax, no palco, você precisa ensaiar muito antes", diz o comediante, que já vem preparando esse espetáculo há dois meses.
A seu lado, Jô terá os mesmos músicos que o acompanham no talk show transmitido pelo SBT: Derico (sax e flauta), Chiquinho (trompete e flugelhorn), Osmar (piano), Tomati (guitarra), Bira (baixo) e Miltinho (bateria).
"Sempre tive vontade de fazer um show para o Quinteto, que virou Sexteto, neste ano. A entrada do Chiquinho, que é um grande trompetista, me entusiasmou a tocar de novo", diz Jô, que voltou a praticar diariamente o instrumento, além de seu bongô.
A decisão de fazer o show, segundo o humorista, surgiu quando preparava um número para o "Jô Soares Onze e Meia". Depois de assistir a "Celebrity" (filme de Woody Allen), Jô pensou em apresentar no programa a canção "You Oughta Be in Pictures".
"Ela abre o filme, enquanto rolam os créditos. É uma canção do início do cinema falado, super suave e engraçada", conta. "Aí pensei em juntar outras músicas a ela e fazer, com o Sexteto, uma farra no Bourbon Street."
Para selecionar o repertório do espetáculo, Jô diz ter combinado dois critérios: seu gosto pessoal e a intenção de mostrar à platéia diversos estilos de jazz (veja o roteiro nesta página).
"O jazz foi a minha música de juventude", diz. "Quando eu era adolescente e vivia na Europa, em meados dos anos 50, o jazz era equivalente à música pop e ao rock de hoje. Os mitos musicais daquela época eram os músicos de jazz", compara.
Além de cantar e tocar bongô e cornet (uma versão mais compacta do trompete), durante o show Jô também vai fazer comentários bem-humorados sobre algumas canções do roteiro. "Eu falo sobre o Chet Baker e brinco com o fato de os cubanos influenciarem os EUA. Também conto histórias de alguns blues, mas sem pentelhices didáticas", avisa.
Os fãs mais antigos do humorista certamente vão se lembrar de um número que ele cantava na TV, nos anos 70, travestido como a cantora pop Norminha. "É um blues da época da Depressão norte-americana, chamado "One Meat Ball". A tradução direta seria "Uma Almôndega", mas eu o transformei em "Um Croquete"."
Antes de pensar em cantar esse blues, na pele de Norminha, Jô já tinha publicado a mesma versão no jornal "O Pasquim", ironizando a situação econômica do país. "Como hoje também estamos passando por problemas de desemprego, achei que ela ainda funciona", justifica.
Segundo o humorista, três gravadoras já tinham demonstrado interesse em transformar esse show em CD, antes mesmo da estréia, em Belo Horizonte, no último fim-de-semana.
"Não tenho pressa. Quando decidirmos fazer um disco, é só marcar outra apresentação e gravá-lo. Na verdade, já queriam gravar estes shows, mas eu acho melhor manter o espírito de curtição. Quero que a platéia se divirta tanto quanto nós estamos nos divertindo", diz.
A possibilidade de o espetáculo continuar sendo apresentado, diz Jô, não estava em seus planos. "Já estou escrevendo meu novo espetáculo de humor, mas se alguém quiser comprar este show, estou aberto a convites".
Quanto à mudança de seu talk show para a Rede Globo, Jô diz que só vai pensar no assunto a partir de 1º de janeiro. "Quero fazer um encerramento bonito no SBT. Além disso, o estúdio e as salas de produção, na Globo, ainda estão sendo construídos."
Segundo o apresentador, as modificações no programa não serão substantivas. "Tanto o Sexteto como toda a equipe de produção vão comigo. O programa não vai mudar e sim crescer. Uma imensa estrutura vai estar à nossa disposição."
(CARLOS CALADO)


Show: Jô Soares e Sexteto Onze e Meia Quando: de hoje a quinta, às 21h30 Onde: Bourbon Street Music Club (r. dos Chanés, 127, tel. 5561-1643) Quanto: R$ 30

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