São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 2006

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"Zona de Guerra" trata da coerção pelo medo

DA REPORTAGEM LOCAL

Se a insegurança virou regra no mundo contemporâneo, durma-se com um pesadelo desses. Numa de suas peças de juventude, "Zona de Guerra", da primeira década do século 20, o americano Eugene O'Neill (1888-1953) como que antevia variações do pânico, do PCC ao 11 de Setembro.
A partir de amanhã, a montagem dirigida por André Garolli ocupa o 11º andar do Sesc Avenida Paulista. Confinados no alojamento de um navio que transporta armas clandestinamente, durante a Primeira Guerra Mundial, marinheiros encasquetam com a presença de um inglês dono de uma misteriosa caixa preta que esconde embaixo do seu colchão.
A tripulação tem a suspeita de que Smith seja espião -afinal, a embarcação cruzou a zona de guerra naquela madrugada. Os homens decidem apurar os fatos por conta própria, sem levar o alerta ao capitão. O rapaz apela, em vão, para que respeitem sua privacidade, já que a caixa guarda assunto pessoal.
"O medo é uma arma de coerção. É o caso da "guerra preventiva" do Bush, uma incoerência em relação aos ataques terroristas", diz Garolli, 39. "Zona de Guerra" é a segunda parte do projeto Homens ao Mar, que a Cia. Triptal iniciou com "Rumo a Cardiff"" (2004) e que prevê a montagem de mais duas peças de formação de O'Neill relativas ao mar e sua potência simbólica. O projeto lida com a energia masculina (eram 29 atores em "Cardiff", no porão do teatro Arthur Azevedo, na Mooca; agora são nove), com o trabalho de coro e com a tragédia moderna. O espetáculo tem apoio do Prêmio Funarte/Petrobras de Fomento ao Teatro e do Prêmio Funarte Myriam Muniz. (VS)

ZONA DE GUERRA
Onde:
Unidade Provisória Sesc Avenida Paulista (av. Paulista, 119, tel. 3179-3700)
Quando: estréia amanhã, às 22h; sex. e sáb., às 22h; dom., às 18h; até 19/11
Quanto: R$ 7,50 a R$ 15


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