São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2004

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CRÍTICA

Pé no passado redime Iron Maiden de apresentação enfadonha no Pacaembu

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Faltavam 2h25 minutos para a meia-noite quando enfim o Iron Maiden subiu ao palco, no último sábado, para apresentar a sua "dança da morte" para 45 mil camisetas pretas que lotavam o estádio do Pacaembu.
Um dos últimos da turnê de lançamento de seu "Dance of Death", o show seguiu à risca o ensaiado em outras paradas e o prometido por aqui: uma faixa nova, um clássico. Os velhos truques de cenário, com seus castelos medievais, explosões e referências ao mundo dos mortos, e a "nova face" dos metaleiros, que empunharam até instrumentos acústicos na balada "Journeyman".
Se os novos versos ainda não caíram nas graças do público -que, na verdade, não se cansava de reclamar da ausência de uma e outra velharia-, pelo menos o "ô-ô-ô" continuava o mesmo. Apesar do som baixo lá no fundo, serviam como deixa para o -também já bem conhecido- momento de isqueiros e celulares (!) iluminarem as arquibancadas.
Aos 25 anos de carreira e com seis passagens oficiais pelo Brasil, o Iron Maiden foi o mesmo, outra vez: quarentões correndo de um lado a outro do palco, guitarras coreografadas, infalíveis, momentos fotografáveis, mas nem de longe memoráveis como os do último Rock in Rio, por exemplo.
Educados, porém, ingleses e brasileiros preferiram o caminho da concórdia, do bate e assopra. Minutos depois de parar o show diante de um empurra-empurra generalizado, por "não querer ver ninguém parar no cemitério hoje à noite", o vocalista Bruce Dickinson alisou: "Esta é uma das melhores noites de toda a turnê".
Sem vaiar as enfadonhas seqüências de "novidades", com direito até a uma faixa da fase impopular em que Dickinson esteve fora da banda, os fãs esperaram pacientes o bis redentor com "The Number of the Beast" e "Run to the Hills", ambas de 1982.
E foram embora felizes da vida, agora sem empurrar, de volta para o mundo de onde vieram. Fica a pergunta: e quem foi que disse que o rock precisa se renovar? Quarenta e cinco mil brasileiros disseram que não. Azar...


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