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SHOW
Homenagem unirá hoje no mesmo palco Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento e o ministro Gilberto Gil
Senna recebe tributo de R$ 5 milhões
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao custo de R$ 5 milhões, reúnem-se hoje em São Paulo, num
show-tributo a Ayrton Senna, alguns dos pilares da sigla MPB:
Chico Buarque, Caetano Veloso,
Gilberto Gil e Milton Nascimento
devem cantar, sozinhos, em duplas e em grupos, músicas que
evoquem a memória do piloto automobilístico morto há uma década, aos 34 anos.
A última data histórica em que
os quatro ocuparam o mesmo
palco foi um tributo a Tom Jobim,
no Réveillon carioca de 1995. Lá
estava também Paulinho da Viola, que acabou abrindo polêmica
pela diferença de cachês destinados a ele e aos outros astros.
A confusão não deve se repetir
hoje. Viviane Senna, irmã do piloto e presidente do Instituto Ayrton Senna, diz que convidou pessoalmente cada um dos participantes e que todos aceitaram participar da homenagem sem um
centavo de cachê. "Estão todos
numa felicidade, até Chico Buarque, que é tão difícil, topou", diz.
Chico foi, de fato, o mais resistente à idéia de ir ao "Senna in
Concert" -mas foi convencido
pelo amigo Milton Nascimento a
participar. Devem cantar juntos
"O Cio da Terra".
Também estarão no palco do
Pacaembu, a partir das 20h30 de
hoje, Frejat, Daniela Mercury, Ivete Sangalo e Sandy & Junior. "A
intenção foi atender a vários gostos e faixas etárias de público", explica Viviane, referindo-se ao
elenco escalado sob direção artística de José Possi Neto.
Ela afirma que o "Senna in Concert" e a intensa programação de
homenagens ao irmão ao longo
do ano, em três continentes, são
operações que não visam lucro.
"Em nenhum momento o objetivo foi ter lucro. Mas a longo prazo se espera que traga resultados
financeiros, na medida em que
pode tornar o instituto mais conhecido e favorecer o licenciamento de marcas ligadas ao Senna", diz o diretor de marketing do
Instituto Ayrton Senna, Rodrigo
Silveira, que é quem finca o custo
do tributo em cerca de R$ 5 mi.
Segundo Viviane, "as homenagens pelos dez anos de morte
iriam acontecer de qualquer modo, e o que o instituto quis foi dar
um curso positivo a elas. Essa é a
veia jugular do evento".
"Queremos celebrar a vida e os
valores que fizeram dele um brasileiro campeão dentro e fora das
pistas, e não centrar numa agenda
negativa de perda e tristeza. Isso
de fato existe, mas não é como
queremos nos colocar", conclui.
Numa concorrência, o instituto
definiu a agência de promoções e
eventos Sight.Momentum como
viabilizadora do tributo de hoje.
Seu presidente, Júlio Anguita,
faz coro com Viviane Senna sobre
a jugular das homenagens: "O objetivo não é criar um muro de lamentações, mas sim usar a celebração para alavancar atividades
sociais e a auto-estima do Brasil".
A adesão é pesada. Tim e Renault patrocinam o tributo, com
apoio da Golden Cross, da Chandon e da Prefeitura de São Paulo,
que incorporou o show à agenda
dos 450 anos da cidade.
A Rede Globo vem dando vitrine ao projeto, inclusive com reportagens especiais no "Jornal
Nacional". Um compacto do
"Senna in Concert" será exibido
na madrugada do dia 27, após o
"Altas Horas".
Nos telões do palco do Pacaembu, se sucederão depoimentos de
personalidades como Xuxa, Herbert Vianna e o presidente Lula.
O roteiro foi definido, segundo
Viviane Senna, com foco em músicas que pudessem transmitir valores similares aos que Senna advogava. Caetano Veloso cantará
sua "Sampa", por exemplo, em
dueto com Sandy. "País Tropical"
e "Canção da América" também
estão no roteiro (conheça parte
do repertório à direita).
O diretor Possi Neto, 56, fala sobre o teor emocional que pode
acompanhar o show: "Pensei em
lutar contra o choro, mas acho
que vai ser quase impossível".
Há o risco da pieguice? "Não tenho medo, é babaquice. Às vezes
o exercício forçado de ser vanguarda é mais piegas que ser cafona", decreta Possi.
Ele comenta, enfim, a ausência
de um símbolo de Brasil equiparável a Ayrton Senna -Roberto
Carlos. "É uma pessoa maravilhosa, mas não canta sem sua banda.
Seria inviável, por isso nem o convidamos." Sandy & Junior cantarão "É Preciso Saber Viver", de
Roberto e Erasmo.
SENNA IN CONCERT. Tributo a Ayrton
Senna. Onde: estádio do Pacaembu (pça.
Charles Müller, s/nš). Quando: hoje, às
20h30. Quanto: de R$ 20 a R$ 40.
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