São Paulo, sábado, 20 de março de 2004

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SHOW

Homenagem unirá hoje no mesmo palco Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento e o ministro Gilberto Gil

Senna recebe tributo de R$ 5 milhões

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao custo de R$ 5 milhões, reúnem-se hoje em São Paulo, num show-tributo a Ayrton Senna, alguns dos pilares da sigla MPB: Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento devem cantar, sozinhos, em duplas e em grupos, músicas que evoquem a memória do piloto automobilístico morto há uma década, aos 34 anos.
A última data histórica em que os quatro ocuparam o mesmo palco foi um tributo a Tom Jobim, no Réveillon carioca de 1995. Lá estava também Paulinho da Viola, que acabou abrindo polêmica pela diferença de cachês destinados a ele e aos outros astros.
A confusão não deve se repetir hoje. Viviane Senna, irmã do piloto e presidente do Instituto Ayrton Senna, diz que convidou pessoalmente cada um dos participantes e que todos aceitaram participar da homenagem sem um centavo de cachê. "Estão todos numa felicidade, até Chico Buarque, que é tão difícil, topou", diz.
Chico foi, de fato, o mais resistente à idéia de ir ao "Senna in Concert" -mas foi convencido pelo amigo Milton Nascimento a participar. Devem cantar juntos "O Cio da Terra".
Também estarão no palco do Pacaembu, a partir das 20h30 de hoje, Frejat, Daniela Mercury, Ivete Sangalo e Sandy & Junior. "A intenção foi atender a vários gostos e faixas etárias de público", explica Viviane, referindo-se ao elenco escalado sob direção artística de José Possi Neto.
Ela afirma que o "Senna in Concert" e a intensa programação de homenagens ao irmão ao longo do ano, em três continentes, são operações que não visam lucro.
"Em nenhum momento o objetivo foi ter lucro. Mas a longo prazo se espera que traga resultados financeiros, na medida em que pode tornar o instituto mais conhecido e favorecer o licenciamento de marcas ligadas ao Senna", diz o diretor de marketing do Instituto Ayrton Senna, Rodrigo Silveira, que é quem finca o custo do tributo em cerca de R$ 5 mi.
Segundo Viviane, "as homenagens pelos dez anos de morte iriam acontecer de qualquer modo, e o que o instituto quis foi dar um curso positivo a elas. Essa é a veia jugular do evento".
"Queremos celebrar a vida e os valores que fizeram dele um brasileiro campeão dentro e fora das pistas, e não centrar numa agenda negativa de perda e tristeza. Isso de fato existe, mas não é como queremos nos colocar", conclui.
Numa concorrência, o instituto definiu a agência de promoções e eventos Sight.Momentum como viabilizadora do tributo de hoje.
Seu presidente, Júlio Anguita, faz coro com Viviane Senna sobre a jugular das homenagens: "O objetivo não é criar um muro de lamentações, mas sim usar a celebração para alavancar atividades sociais e a auto-estima do Brasil".
A adesão é pesada. Tim e Renault patrocinam o tributo, com apoio da Golden Cross, da Chandon e da Prefeitura de São Paulo, que incorporou o show à agenda dos 450 anos da cidade.
A Rede Globo vem dando vitrine ao projeto, inclusive com reportagens especiais no "Jornal Nacional". Um compacto do "Senna in Concert" será exibido na madrugada do dia 27, após o "Altas Horas".
Nos telões do palco do Pacaembu, se sucederão depoimentos de personalidades como Xuxa, Herbert Vianna e o presidente Lula.
O roteiro foi definido, segundo Viviane Senna, com foco em músicas que pudessem transmitir valores similares aos que Senna advogava. Caetano Veloso cantará sua "Sampa", por exemplo, em dueto com Sandy. "País Tropical" e "Canção da América" também estão no roteiro (conheça parte do repertório à direita).
O diretor Possi Neto, 56, fala sobre o teor emocional que pode acompanhar o show: "Pensei em lutar contra o choro, mas acho que vai ser quase impossível".
Há o risco da pieguice? "Não tenho medo, é babaquice. Às vezes o exercício forçado de ser vanguarda é mais piegas que ser cafona", decreta Possi.
Ele comenta, enfim, a ausência de um símbolo de Brasil equiparável a Ayrton Senna -Roberto Carlos. "É uma pessoa maravilhosa, mas não canta sem sua banda. Seria inviável, por isso nem o convidamos." Sandy & Junior cantarão "É Preciso Saber Viver", de Roberto e Erasmo.


SENNA IN CONCERT. Tributo a Ayrton Senna. Onde: estádio do Pacaembu (pça. Charles Müller, s/nš). Quando: hoje, às 20h30. Quanto: de R$ 20 a R$ 40.


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