São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 2011

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Erotismo feminino é ponto-chave de "Sappho de Lesbos"

Peça com 14 mulheres retrata relação entre poeta grega e uma pupila

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O elenco de "Sappho de Lesbos", peça de Ivam Cabral e Patricia Aguille que estreia hoje no Espaço dos Satyros, reúne 14 mulheres.
O único homem do grupo, um dançarino, interpreta um pássaro e não tem falas. As questões de amor entre elas, os relacionamentos costurados pela prática da poesia e de outras expressões artísticas fazem a figura da mulher emergir a um primeiro plano na Grécia Antiga.
Muito embora, politicamente, "a mulher ali tivesse papel secundário", afirma Aguille, que assume a direção da produção. Patricia Aguille é ela própria uma espécie de musa do teatro.
Foi integrante do Oficina. Em 2006, prestou uma homenagem a Zé Celso percorrendo nua, montada em um cavalo, as ruas que ligam o Bexiga ao espaço dos Satyros. Como intérprete, já esteve em uma outra montagem para "Sappho de Lesbos", encenada em 1995 e em 2001, com direção de Rodolfo García Vázquez. "Mas eu sempre tive vontade de fazer a minha versão", explica.
A figura central do texto, referida já no título, resgata a imagem de uma poeta grega que nasceu no século 6 a.C.
Conhecida na época por sua beleza, se relacionou com várias de suas pupilas e escreveu uma obra que correu o risco de desaparecer por conta da censura da Igreja Católica durante a Idade Média.

PUPILA
Essa mulher grega amou uma jovem aprendiz, chamada Atthis, e é sobre esse relacionamento que o texto se debruça. Sappho está envelhecendo e Atthis vive uma espécie de crise ao querer abandoná-la.
Erotismo feminino é um dos pontos-chave da encenação e atinge seu clímax na cena de um banho compartilhado entre as duas personagens principais. O público assiste à peça muito próximo do espaço cênico, todo desenhado a partir da utilização de couro e terra.
Quem já tinha visto a montagem antiga vai encontrar diferença principalmente na inserção de melodias recortando as falas. Piano e percussão dão ritmo ao texto, escrito em cadência quase parnasiana, com o uso da segunda pessoa do singular e do plural. Um estilo que remete às tragédias gregas, também representadas pela presença de um coro.

SAPPHO DE LESBOS

QUANDO qua., às 21h; até 29/6
ONDE Espaço dos Satyros 2 (pça. Roosevelt, 134; tel. 3258-6345)
QUANTO de R$ 10 a R$ 100
CLASSIFICAÇÃO 18 anos


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