São Paulo, sábado, 20 de maio de 2000 |
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TEATRO Na peça "Socorro!", é o espectador quem grita
NELSON DE SÁ DA REPORTAGEM LOCAL L i em algum lugar, na Internet, que Benedito Ruy Barbosa estaria recordando, com "Socorro! Mamãe Foi Embora", seus tempos de Seminário de Dramaturgia, do Teatro de Arena. Se for assim, não é nada abonador para o lendário Seminário. "Socorro!" não é propriamente uma peça, é um texto que não cuida das exigências mínimas do palco, como não jogar conversa fora -e fazer seguir a palavra à ação e a ação à palavra. Um personagem de teatro fala, no mais das vezes, para causar uma reação e assim por diante, mas não em "Socorro!". Muitos estão ali para nada, falam como quem mata o tempo; é pena dizer, mas são diálogos de telenovela, não de palco. Por outro lado, papel nenhum chega a se compor inteiramente, permanecendo na superfície, na pincelada indolente. O texto se propõe uma comédia, mas não consegue. É um drama, por vezes um dramalhão. Não bastasse, "Socorro!" leva ao palco preconceitos que podem ter a sua aceitação na TV, mas resultam grotescos na cena. O lesbianismo é tratado como "problema", assim é chamado, e recebe punição, o que é de assustar. À trama: uma mulher enfrenta "problemas" com a filha lésbica que quer viver com amiga, com o filho que se droga, com o marido que a faz de Amélia, até que descobre estar doente e sai de casa para viver sua própria vida. Para dar um ar de comédia, enfiaram o sempre patético, ridicularizante empregado homossexual (Oscar Magrini), numa representação toda de trejeitos e preconceito, mais para "Sai de Baixo" do que para algo que se qualifique como comédia. Ruy Barbosa não é nenhum estreante no teatro, fez os seus bons dramas com cenário rural, mas isso foi há mais de 30 anos. Para o retorno, era de esperar maior afinco. Chega a ser extenuante ver atores como John Herbert e Iara Jamra tentando fazer algum sentido dos seus personagens. Guilhermina Guinle, Paulo de Almeida, Danton Mello nem chegam a tanto, sujeitando-se a umas poucas marcações e gestos estereotipados, na direção de José Wilker. Sobre Marilene Barbosa, a protagonista, ainda não se pode dizer que seja propriamente uma atriz. Peça: Socorro! Mamãe Foi Embora Quando: sex. e sáb., às 21h; dom., às 20h Onde: teatro Imprensa (r. Jaceguai, 400, tel. 239-4203) Quanto: R$ 20 (sex. e dom.) e R$ 25 (sáb.) Próximo Texto: Petrin leva platéia a se enxergar em "Última Gravação" Índice |
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