|
Texto Anterior | Índice
TEATRO
Montagem tem ensaio aberto hoje na sede da grupo e sintetiza repertório vinculado ao processo histórico do país
Aos 34, União e Olho Vivo faz "Brasil Quinhentão?!"
DA REPORTAGEM LOCAL
O Teatro União e Olho Vivo
(Tuov) aproveita a comemoração
dos seus 34 anos para passar o
país a limpo em "Brasil Quinhentão?!", que tem ensaio aberto hoje
na sede do grupo, no bairro do
Bom Retiro.
Trata-se de uma compilação de
cenas de peças do repertório do
Tuov. "São quadros que mostram
momentos em que o povo foi sujeito da ação, e não os mesmos heróis que os livros didáticos apontam", explica o diretor e fundador
do grupo, César Vieira, 58.
São quatro cenas que lembram
momentos da história do Brasil.
Começa com "A Lenda de Sepé
Tiarajú", uma narrativa que alude
à morte do líder indígena Sepé
Tiarajú, da tribo guarani, ocorrida
em 1750, no Rio Grande do Sul.
Em "Morro Inocente", quem
está em primeiro plano é o revolucionário João Guilherme Ratclif, sentenciado à morte pelo Primeiro Império que se instalou no
Brasil.
A peregrinação de Antônio
Conselheiro ao sertão baiano e as
atividades de seus jagunços são
abordadas em "O Império de Belo
Monte".
O desfecho fica por conta de
"Bumba, Meu Queixada", um recorte simbólico de uma greve
ocorrida numa fábrica de cimento de São Paulo na década de 50.
"Todas as nossas peças têm um
fundo histórico, o que permite
vislumbrar a própria história do
país", afirma Vieira.
A próxima montagem do Tuov,
por exemplo, vai lembrar a Revolta da Chibata (1910), quando a tripulação pobre de uma esquadra,
influenciada pelo marinheiro negro João Cândido, rebelou-se
contra os superiores por causa
dos maus tratos.
O Tuov foi criado em 1966, por
um grupo de estudantes do Centro Acadêmico 11 de Agosto, da
USP. Entre eles, o futuro advogado Idibal Pivetta, que adotou o
nome artístico César Vieira.
Em 34 anos de história, o grupo
sempre praticou o chamado teatro comunitário. Entre as peças
do seu repertório, estão "O Evangelho Segundo Zebedeu" (70) e
"Rei Momo" (73).
Formado por atores que conciliam o teatro com outras ocupações, o Tuov adota a "tática Robin
Hood": vende espetáculos para
prefeituras e empresas privadas e,
em contrapartida, oferece sessões
e cursos gratuitos em sua sede.
Aliás, sede ameaçada de despejo
pela prefeitura, até dois meses
atrás. Segundo Vieira, a situação
administrativa está praticamente
regularizada.
(VALMIR SANTOS)
Peça: Brasil Quinhentão?!
Texto e direção: César Vieira
Com: Teatro União e Olho Vivo (Cícero Almeida, Juscelina Silva, Ingrid Ramos,
Ieda Rocha, Neriney Moreira, Rafael Davoli, Will Martinez e outros)
Quando: hoje, ensaio aberto, às 19h
Onde: sede do grupo (r. Newton Prado, 766, Bom Retiro, tel. 570-4722)
Quanto: entrada franca
Texto Anterior: Teatro: Ingleses satirizam lenda de Robin Hood Índice
|