São Paulo, sábado, 20 de maio de 2000


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TEATRO
Montagem tem ensaio aberto hoje na sede da grupo e sintetiza repertório vinculado ao processo histórico do país
Aos 34, União e Olho Vivo faz "Brasil Quinhentão?!"

DA REPORTAGEM LOCAL

O Teatro União e Olho Vivo (Tuov) aproveita a comemoração dos seus 34 anos para passar o país a limpo em "Brasil Quinhentão?!", que tem ensaio aberto hoje na sede do grupo, no bairro do Bom Retiro.
Trata-se de uma compilação de cenas de peças do repertório do Tuov. "São quadros que mostram momentos em que o povo foi sujeito da ação, e não os mesmos heróis que os livros didáticos apontam", explica o diretor e fundador do grupo, César Vieira, 58.
São quatro cenas que lembram momentos da história do Brasil. Começa com "A Lenda de Sepé Tiarajú", uma narrativa que alude à morte do líder indígena Sepé Tiarajú, da tribo guarani, ocorrida em 1750, no Rio Grande do Sul.
Em "Morro Inocente", quem está em primeiro plano é o revolucionário João Guilherme Ratclif, sentenciado à morte pelo Primeiro Império que se instalou no Brasil.
A peregrinação de Antônio Conselheiro ao sertão baiano e as atividades de seus jagunços são abordadas em "O Império de Belo Monte".
O desfecho fica por conta de "Bumba, Meu Queixada", um recorte simbólico de uma greve ocorrida numa fábrica de cimento de São Paulo na década de 50.
"Todas as nossas peças têm um fundo histórico, o que permite vislumbrar a própria história do país", afirma Vieira.
A próxima montagem do Tuov, por exemplo, vai lembrar a Revolta da Chibata (1910), quando a tripulação pobre de uma esquadra, influenciada pelo marinheiro negro João Cândido, rebelou-se contra os superiores por causa dos maus tratos.
O Tuov foi criado em 1966, por um grupo de estudantes do Centro Acadêmico 11 de Agosto, da USP. Entre eles, o futuro advogado Idibal Pivetta, que adotou o nome artístico César Vieira.
Em 34 anos de história, o grupo sempre praticou o chamado teatro comunitário. Entre as peças do seu repertório, estão "O Evangelho Segundo Zebedeu" (70) e "Rei Momo" (73).
Formado por atores que conciliam o teatro com outras ocupações, o Tuov adota a "tática Robin Hood": vende espetáculos para prefeituras e empresas privadas e, em contrapartida, oferece sessões e cursos gratuitos em sua sede. Aliás, sede ameaçada de despejo pela prefeitura, até dois meses atrás. Segundo Vieira, a situação administrativa está praticamente regularizada. (VALMIR SANTOS)


Peça: Brasil Quinhentão?!
Texto e direção: César Vieira
Com: Teatro União e Olho Vivo (Cícero Almeida, Juscelina Silva, Ingrid Ramos, Ieda Rocha, Neriney Moreira, Rafael Davoli, Will Martinez e outros)
Quando: hoje, ensaio aberto, às 19h
Onde: sede do grupo (r. Newton Prado, 766, Bom Retiro, tel. 570-4722)
Quanto: entrada franca


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