São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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DANÇA

Estréia nova obra de Delcroix

Cisne Negro espelha "Reflexo" da França

KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO

Todo dia, ao acordar, nos deparamos com a mesma imagem refletida no espelho. E sabemos, quase todos, que é possível enxergar muito além dos olhos, bocas e narizes que lá aparecem. Agora, pense em como seria transformar em passos de dança essa mesma sensação diária.
O coreógrafo francês Patrick Delcroix, 41, mostra sua resposta a esse idiossincrático jogo na movimentação de "Reflexo do Espelho", balé criado especialmente para a Cisne Negro Cia. de Dança, que estréia amanhã curta temporada no Teatro Municipal de São Paulo para depois seguir em turnê nacional.
Dá para "mirar" logo de cara. Ver-se refletido não é das tarefas mais simples para Delcroix, que usa e abusa do enroscar desenfreado de pernas e braços, além de propor ao elenco um desafio típico de suas criações: o uso de movimentos que exigem técnica apurada dos bailarinos.
É a terceira vez que Delcroix colabora com a companhia, que não possui coreógrafo-residente. Para o Cisne, o francês criou também "Além da Pele", em 1998, e o encantador "Cherché, Trouvé, Perdu" ("Procurado, Encontrado, Perdido"), em 2002.
"Em "Além da Pele", eu fiz uma experiência. Tentei usar música tecno e ver o que eu poderia fazer com ela. "Cherché" é um trabalho profundo, com mais estrutura, mais estética e muito emocional. "Reflexo" é ainda mais pessoal e tecnicamente muito difícil de ser executado", diz Delcroix.
O coreógrafo esteve por 15 anos no Nederlands Dans Theatre, dirigido por Jiri Kylian, onde atuou como bailarino e também como coreógrafo-residente.
A idéia de "Reflexo do Espelho" o acompanha há anos. "São coisas que sinto quando olho no espelho. Você pode ver a si mesmo, mas sente diferente." A música é de Aphex Twin e do contemporâneo erudito Arvo Pärt.
Sobre a escolha de Delcroix e de outros trabalhos do repertório da Cisne Negro, que completa 27 anos de estrada neste ano, a diretora da companhia, Hulda Bittencourt, diz: "Acho que errei muito pouco. Sempre soube investir em gente".
No mesmo programa estão os balés "Fruto da Terra" (1999), do israelense Itzik Galili, que descreve a vida no campo, e "Talvez Sonhar" (2002), de Denise Namura e Michael Bugdahn, sobre o universo dos sonhos.


CISNE NEGRO CIA. DE DANÇA.
Apresentação de três coreografias. Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nš, região central, tel. 222-8698). Quando: amanhã e sáb., às 21h, e dom., às 17h. Quanto: de R$ 5 a R$ 25.



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