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DANÇA
Estréia nova obra de Delcroix
Cisne Negro espelha "Reflexo" da França
KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO
Todo dia, ao acordar, nos deparamos com a mesma imagem refletida no espelho. E sabemos,
quase todos, que é possível enxergar muito além dos olhos, bocas e
narizes que lá aparecem. Agora,
pense em como seria transformar
em passos de dança essa mesma
sensação diária.
O coreógrafo francês Patrick
Delcroix, 41, mostra sua resposta
a esse idiossincrático jogo na movimentação de "Reflexo do Espelho", balé criado especialmente
para a Cisne Negro Cia. de Dança,
que estréia amanhã curta temporada no Teatro Municipal de São
Paulo para depois seguir em turnê
nacional.
Dá para "mirar" logo de cara.
Ver-se refletido não é das tarefas
mais simples para Delcroix, que
usa e abusa do enroscar desenfreado de pernas e braços, além de
propor ao elenco um desafio típico de suas criações: o uso de movimentos que exigem técnica
apurada dos bailarinos.
É a terceira vez que Delcroix colabora com a companhia, que não
possui coreógrafo-residente. Para
o Cisne, o francês criou também
"Além da Pele", em 1998, e o encantador "Cherché, Trouvé, Perdu" ("Procurado, Encontrado,
Perdido"), em 2002.
"Em "Além da Pele", eu fiz uma
experiência. Tentei usar música
tecno e ver o que eu poderia fazer
com ela. "Cherché" é um trabalho
profundo, com mais estrutura,
mais estética e muito emocional.
"Reflexo" é ainda mais pessoal e
tecnicamente muito difícil de ser
executado", diz Delcroix.
O coreógrafo esteve por 15 anos
no Nederlands Dans Theatre, dirigido por Jiri Kylian, onde atuou
como bailarino e também como
coreógrafo-residente.
A idéia de "Reflexo do Espelho"
o acompanha há anos. "São coisas
que sinto quando olho no espelho. Você pode ver a si mesmo,
mas sente diferente." A música é
de Aphex Twin e do contemporâneo erudito Arvo Pärt.
Sobre a escolha de Delcroix e de
outros trabalhos do repertório da
Cisne Negro, que completa 27
anos de estrada neste ano, a diretora da companhia, Hulda Bittencourt, diz: "Acho que errei muito
pouco. Sempre soube investir em
gente".
No mesmo programa estão os
balés "Fruto da Terra" (1999), do
israelense Itzik Galili, que descreve a vida no campo, e "Talvez Sonhar" (2002), de Denise Namura e
Michael Bugdahn, sobre o universo dos sonhos.
CISNE NEGRO CIA. DE DANÇA.
Apresentação de três coreografias.
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de
Azevedo, s/nš, região central, tel. 222-8698). Quando: amanhã e sáb., às 21h, e
dom., às 17h. Quanto: de R$ 5 a R$ 25.
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