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Ballet de Cuba volta com "Giselle"
Alicia Alonso comanda 48 bailarinos em 2 apresentações no Credicard Hall
Aos 88 anos e cega, a
criadora do grupo cubano
acompanha de perto os
ensaios do balé; companhia
retorna ao país após 2 anos
ADRIANA PAVLOVA
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE
O ensaio de "Giselle" corre a
todo o vapor quando a senhora
de passos lentos e movimentos
titubeantes surge amparada
por dois homens. Sem pressa,
ela caminha até uma cadeira
num dos cantos do palco e ali,
altiva, começa a dirigir tudo o
que acontece em cena.
Aos 88 anos, completamente
cega, Alicia Alonso tem o pleno
comando da companhia que
fundou há 61 anos, o Ballet Nacional de Cuba, e que, ao longo
dos anos e com o estreito apoio
do regime de Fidel Castro, se
transformou em invejável potência do balé clássico mundial.
"Vocês têm que entrar no papel. Vocês conhecem o estilo,
mas têm que buscar a expressividade. Não usem só o tronco,
usem o corpo todo. Dancem
bem, ensinem como dançar",
com essas palavras, Alicia terminou o ensaio, há dez dias, no
Palácio das Artes, em Belo Horizonte. É o primeiro passo de
uma turnê que inclui dez cidades e chega hoje a São Paulo.
De volta à cidade depois de
dois anos, Alicia e seus 48 bailarinos apresentam a versão dela
para um dos clássicos do romantismo, o balé "Giselle".
Trata-se de uma montagem
com pequenas diferenças da
original, de Jules Perrot e Jean
Coralli, que teve estreia no Balé
da Ópera de Paris, em 1841.
Detalhes como a retirada de
um pas-de-deux no primeiro
ato passam despercebidos
diante de marcas mais visíveis
da escola cubana, como os giros
perfeitos (e lentos) das bailarinas e o manejo certeiro dos bailarinos ao dançar com suas parceiras. Para chegar ao Ballet de
Cuba, um bailarino passa oito
anos na escola nacional de dança, estudando durante todo o
dia matérias como balé, música
e história da arte. Após muitas
seleções, os melhores chegam à
principal companhia do país.
"Alicia é uma guia para todos.
Está na companhia diariamente, dá conselhos, explica os detalhes de estilo de cada balé, a
importância da posição do torso, do braço. Difícil imaginar
como será quando ela não estiver mais aqui", diz a primeira
bailarina, Viengsay Valdés, a
Giselle desta turnê.
GISELLE
Quando: hoje e amanhã, às 21h30
Onde: no Credicard Hall (av. das Nações
Unidas, 17.955, tel. 2846-6000)
Quanto: de R$ 100 a R$ 180
Classificação: livre
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