São Paulo, quarta-feira, 20 de maio de 2009

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Ballet de Cuba volta com "Giselle"

Alicia Alonso comanda 48 bailarinos em 2 apresentações no Credicard Hall

Aos 88 anos e cega, a criadora do grupo cubano acompanha de perto os ensaios do balé; companhia retorna ao país após 2 anos

ADRIANA PAVLOVA
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE

O ensaio de "Giselle" corre a todo o vapor quando a senhora de passos lentos e movimentos titubeantes surge amparada por dois homens. Sem pressa, ela caminha até uma cadeira num dos cantos do palco e ali, altiva, começa a dirigir tudo o que acontece em cena.
Aos 88 anos, completamente cega, Alicia Alonso tem o pleno comando da companhia que fundou há 61 anos, o Ballet Nacional de Cuba, e que, ao longo dos anos e com o estreito apoio do regime de Fidel Castro, se transformou em invejável potência do balé clássico mundial.
"Vocês têm que entrar no papel. Vocês conhecem o estilo, mas têm que buscar a expressividade. Não usem só o tronco, usem o corpo todo. Dancem bem, ensinem como dançar", com essas palavras, Alicia terminou o ensaio, há dez dias, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. É o primeiro passo de uma turnê que inclui dez cidades e chega hoje a São Paulo.
De volta à cidade depois de dois anos, Alicia e seus 48 bailarinos apresentam a versão dela para um dos clássicos do romantismo, o balé "Giselle". Trata-se de uma montagem com pequenas diferenças da original, de Jules Perrot e Jean Coralli, que teve estreia no Balé da Ópera de Paris, em 1841.
Detalhes como a retirada de um pas-de-deux no primeiro ato passam despercebidos diante de marcas mais visíveis da escola cubana, como os giros perfeitos (e lentos) das bailarinas e o manejo certeiro dos bailarinos ao dançar com suas parceiras. Para chegar ao Ballet de Cuba, um bailarino passa oito anos na escola nacional de dança, estudando durante todo o dia matérias como balé, música e história da arte. Após muitas seleções, os melhores chegam à principal companhia do país.
"Alicia é uma guia para todos. Está na companhia diariamente, dá conselhos, explica os detalhes de estilo de cada balé, a importância da posição do torso, do braço. Difícil imaginar como será quando ela não estiver mais aqui", diz a primeira bailarina, Viengsay Valdés, a Giselle desta turnê.


GISELLE

Quando: hoje e amanhã, às 21h30
Onde: no Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, tel. 2846-6000)
Quanto: de R$ 100 a R$ 180
Classificação: livre




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