Mostra na Vermelho reúne artistas que se inspiram na origem da arte

"O trabalho existe do esforço do espectador de doar tempo à obra", diz Cadu, que inventou um motor capaz de desenhar

Divulgação

Detalhe do obra "Aparição 3', do artista Maurício Ianês

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Desenho é questão de esforço, ou força, quase invisível. Na coletiva que a Vermelho abre amanhã, artistas tentam devolver o foco à estrutura subcutânea da obra de arte, as linhas, ou artérias e capilares, que ligam todos os pontos.
Tudo sem esquecer o suor da construção. "O trabalho existe do esforço do espectador de doar tempo à obra", resume Cadu, que inventou um motor que desenha acionado por um sensor de presença.
É uma obra que se faz no tempo. Cadu, jovem artista carioca que estará na próxima Bienal do Mercosul, põe o desenho como traço definidor de intenções, mas ao mesmo tempo sujeito a acidentes de percurso.
Numa obra mais ilustrativa, expõe uma série de brinquedos Traço Mágico que mostram, nas telas justapostas, o desenho de uma montanha. "É uma imagem frágil, que qualquer chacoalhada faz desaparecer", diz. "É um esforço contínuo."
Maurício Ianês dilui esse esforço no espaço. Esconde uma série de frases sobre voz e silêncio, palavra e escuta no rodapé, canto e teto das salas expositivas. São letras quase invisíveis, feitas do próprio contorno.
Mas o excesso também traduz conceitos mais enxutos. Cinthia Marcelle exibe um vídeo em que uma retroescavadeira percorre um símbolo de infinito, carregando terra de um lado ao outro, refazendo o mesmo desenho à exaustão.