São Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2011

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CRÍTICA MÚSICA ERUDITA

Antonio Meneses e Adriane Queiroz encantam em Campos de Jordão

JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O grande destaque poderia ter sido apenas o violoncelista pernambucano Antonio Meneses. Mas, no último fim de semana, no Festival de Inverno de Campos do Jordão, ele precisou dividir o pódio com a soprano paraense Adriane Queiroz.
Os dois músicos participaram de duas diferentes récitas: Meneses, na sexta, como solista da Orquestra Petrobras Sinfônica, regida por Isaac Karabtchevsky, e Adriane, no sábado, ao lado da cada vez melhor Filarmônica de Minas Gerais, com o maestro Fábio Mechetti. O violoncelista solou uma interpretação bastante original do concerto de Antonín Dvorák (1841-1904).
O compositor, nessa peça de 1896, é um poço de belas inspirações melódicas, que o maestro Karabtchevsky regeu de modo propositalmente lento, de modo a provocar uma predominância melancólica nessa conhecida obra.
Disciplinado com relação a uma partitura que frequenta desde a juventude, Meneses não tirava os olhos da batuta do regente ("O que o Isaac manda, eu faço", disse ao final do concerto), para em nenhum momento impor seu próprio andamento. Infelizmente, a orquestra não acompanhou o refinamento da performance do maestro e solista.
Já a soprano brasileira, desde 2002 contratada pela Staadtsoper de Berlim, foi bem mais feliz nas afinidades com a Filarmônica de Minas.
Ela interpretou três peças: duas árias de Mozart (1756-1791) -a primeira delas um virtual exercício de resistência, com misturas abruptas de graves e agudos- e, em seguida, o lied orquestral que integra o último movimento da "Sinfonia nº 4", de Gustav Mahler (1860-1911).
Adriane Queiroz está se tornando uma espécie de celebridade musical. Gravou Mahler em Berlim sob a regência do mitológico Pierre Boulez e participa, disse à Folha, de 30 a 40 récitas de ópera por ano, de nomes como Mozart, Puccini, Richard Strauss, mas jamais Verdi ou Wagner, que exigem vozes mais pesadas.
Casada com um ator alemão, ela se candidatou em 1997 ao bacharelado em canto na Universidade de Viena. Concluído o curso, prestou concurso para a Staadtsoper. A voz dela tem um lindo grão e é ligeiramente escura.
Ela é também uma grande cantora pela uniformidade da emissão de voz e pela incorporação dramática de seus personagens.

O jornalista JOÃO BATISTA NATALI foi hospedado pelo festival

ANTONIO MENESES/ ADRIANE QUEIROZ

AVALIAÇÃO ótimo


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