São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2000 |
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Orquestra comandada por Lígia Amadio começa programa que terá a cantora Sarah Brightman Musa de "Fantasma da Ópera" canta Puccini hoje no parque
IRINEU FRANCO PERPETUO ESPECIAL PARA A FOLHA O "kitsch" de Sarah Brightman é a principal atração da terceira edição do projeto Avon Women in Concert. Concebido como uma espécie de "clube da Luluzinha" musical (já que só mulheres participam dos espetáculos), o projeto coloca hoje, no parque Ibirapuera, a cantora britânica à frente de uma orquestra de 60 musicistas -todas do sexo feminino-, amealhada para essa ocasião. Com reprise no ATL Hall, no Rio, quarta-feira, o show conta com a regência de uma das poucas maestrinas em atividade no Brasil -a paulista Lígia Amadio. Entre os novos nomes da regência brasileira -independentemente do sexo-, Amadio está entre os mais promissores. É regente titular da Orquestra Sinfônica Nacional do Rio de Janeiro e da Sinfônica da Universidade Nacional de Cuyo (da cidade argentina de Mendoza). Talvez a ela se devam as boas surpresas da primeira parte do programa -a orquestra interpreta obras de alguns dos melhores compositores eruditos brasileiros. Villa-Lobos está presente, com o indefectível "Trenzinho do Caipira"; menos ouvido em nossas salas de concerto do que seria de esperar, Camargo Guarnieri (1907-1993) também comparece, com a "Dança Brasileira". A orquestra toca ainda o "Batuque" (da suíte "Reisado do Pastoreio"), obra mais conhecida do carioca Lorenzo Fernandez (1897-1948); e alguns itens populares, como um pot-pourri de canções de Tom Jobim e a inevitável "Aquarela do Brasil". A escolha do repertório orquestral parece adequada a um concerto ao ar livre -cheio de peças coloridas e festivas, de duração breve. Só então sobe ao palco Brightman, que vendeu 4 milhões de cópias com seu álbum de estréia, "Time to Say Goodbye". O passaporte para a fama internacional de Brightman foi o casamento, em 84, com Andrew Lloyd Webber, compositor de alguns dos musicais que mais fizeram sucesso na Broadway nova-iorquina e em Londres, como "Cats". Foi em 1986 que Webber criou para Brightman o papel de Christine no "Fantasma da Ópera" (do qual ela canta, no Brasil, "Music of the Night"). Sucesso imediato. O casamento de Brightman e Webber acabou, mas a colaboração entre eles não. Por ocasião das Olimpíadas de Barcelona, em 92, Webber compôs "Amigos para Siempre", dueto que sua ex-mulher cantou com José Carreras. Brightman logo passou a diversificar o estilo com compositores eruditos como Beethoven, Händel e Mozart num repertório formado por criações de autores pop como Bryan May e Gipsy Kings. No show de hoje, por exemplo, ela canta a ária de soprano "O Mio Babbino Caro", da ópera "Gianni Schicchi", de Puccini. Para os fãs, tal ecletismo é a glória, demonstração de versatilidade de uma intérprete que se quer "completa". Já os puristas se sentem insultados ao ouvir uma vocalista de forte sotaque anglo-saxônico interpretar árias italianas sem o mínimo senso de estilo. Talvez o termo que melhor defina o estilo de Brightman seja a palavra alemã "kitsch". Seja ópera ou pop, ela acaba cantando mesmo tudo igual, sem diferenciar; a porção lírica serve para dar um certo verniz de "sofisticação" à sua imagem e ajuda os fãs a consumirem seu pop açucarado com um sentimento de culpa menor. Show: Sarah Brightman Quando: hoje, às 11h Onde: praça da Paz do parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº) Quanto: entrada franca Próximo Texto: Repertório Índice |
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